Após uma queda de 0,4% no primeiro trimestre do ano, a produção industrial no Brasil apresentou uma alta de 0,1% em abril, na comparação com março. Os dados foram divulgados nesta sexta-feira (3) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Desta forma, o setor mantém a sequência de altas consecutivas que começaram em fevereiro (+0,7%) e março (+0,3%), mas insuficientes para superar a queda verificada em janeiro (1,9%). Nos primeiros quatro meses de 2022, o setor ainda apresenta queda de 3,4% e, nos últimos 12 meses, o acumulado caiu 0,3%, o primeiro resultado negativo desde março de 2021 (-3,1%).
Em relação ao mesmo período do ano passado, a produção industrial apresenta perda de 0,5% e segue 1,5% abaixo do patamar apurado em fevereiro de 2020, o último mês sem os efeitos da pandemia do novo coronavírus na cadeia produtiva, segundo a Pesquisa Industrial Mensal (PIM).
Para André Macedo, gerente responsável pela pesquisa, há uma melhora no comportamento da indústria, bem caracterizada pelos últimos três meses de resultados positivos. Ele, no entanto, avalia que a mudança ainda é insuficiente para compensar as perdas do passado.
“O ganho acumulado de 1,4% nesse período de fevereiro a abril não elimina nem a queda de 1,9% registrada em janeiro. Mesmo que nos últimos seis meses a indústria tenha mostrado cinco taxas no campo positivo, ainda assim está 1,5% abaixo de fevereiro de 2020 e 18% abaixo do ponto mais alto da série, em maio de 2011”, explica Macedo.
Na avaliação do pesquisador, a melhora da indústria está diretamente ligada ao fim das restrições sanitárias, mas os fatores que dificultam uma retomada do setor permanecem. Macedo cita que as plantas industriais ainda percebem o aumento do custo de produção e refletem a escassez de algumas matérias-primas, justificando a menor intensidade do ritmo da produção.
“Pelo lado da demanda doméstica, os juros elevados dificultam o acesso ao crédito e inibem os investimentos, a inflação em patamares elevados diminui a renda das famílias, o mercado de trabalho ainda não se recuperou e a massa de rendimentos não avança. Assim, há menor recurso por parte das famílias para que a demanda doméstica alavanque o consumo e a produção”, afirma ele.
ATIVIDADES
A variação positiva do setor industrial no mês de abril ocorreu com alta em 16 das 26 atividades investigadas pela pesquisa. A principal influência positiva do mês foi do segmento de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis, com crescimento de 4,6%.
“Essa atividade [coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis] vinha de dois meses seguidos no campo negativo, período em que acumulou perda de 2,6%, retomando em abril o ritmo de produção”, analisa André Macedo.
Outras atividades que contribuíram para a variação positiva de abril foram: bebidas (5,2%) e outros produtos químicos (2,8%). Na contramão, dez atividades apresentaram perdas no mês, com destaque para produtos alimentícios (-4,1%) e veículos automotores, reboques e carrocerias (-4,2%).
“Os produtos alimentícios registram o segundo mês seguido de queda, muito relacionada à produção de açúcar. Porém, antes dessas quedas, a atividade vinha de quatro meses de crescimento, mantendo ainda um saldo positivo nesses últimos seis meses”, diz Macedo.
Duas das quatro grandes categorias econômicas tiveram alta, bens de consumo semi e não duráveis (2,3%) e bens intermediários (0,8%). Por outro lado, os setores produtores de bens de capital (-9,2%) e de bens de consumo duráveis (-5,5%) tiveram recuo nesse mês, ambos interrompendo dois meses seguidos de crescimento na produção.