“Rebote da Covid-19 não era esperado”, admite diretor de Regulação da Saúde do RS

Superlotação dos serviços de urgência e emergência em Porto Alegre e região Metropolitana voltou pressionar a rede de saúde

Foto: Alina Souza/CP

A superlotação dos serviços de urgência e emergência, em Porto Alegre e municípios da região Metropolitana, voltou a pressionar a rede de saúde com a chegada antecipada do frio ao Rio Grande do Sul. Com isso, as reclamações por conta da demora no atendimento e o elevado número de pacientes com sintomas de síndromes respiratórias se tornaram um novo desafio para os gestores.

O diretor de Regulação Estadual da Secretaria da Saúde (SES), Eduardo Elsade, aponta a redução dos leitos adultos de terapia intensiva – de 2,5 mil para 1,3 mil -, o aumento de casos confirmados para Covid-19 e Influenza e a redução do ritmo de vacinação contra o novo coronavírus como as principais causas do cenário atual. “Esse rebote da Covid-19, propriamente dito, de maneira tão forte, tão rápida, não era esperado pelos governos. E a gente está vendo isso acontecendo em várias partes do mundo, mas no Rio Grande do Sul temos tradição de atendimento de doenças respiratórias”, admite.

Diante desse contexto, a secretaria vai organizar equipes para garantir o atendimento da população. “Não vai ser de maneira ideal, pois emergências e UPAs lotadas não é o ideal. Mas o importante é que a gente consiga atender todos que estejam graves”, completa. Elsade destaca que os últimos três anos foram marcados por adequações às crises sanitárias que surgiram pelo mundo. “Aparentemente a gente está tendo uma conjunção de fatores que está criando essa superlotação, que a gente espera que seja pontual, que não siga aumentando durante todo o inverno, mas é possível que a gente tenha um dos piores invernos dos últimos anos”, alerta.

Mesmo com o recrudescimento da Covid-19, Elsade ressalta que há pouca repercussão nas internações em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), com maior demanda por leitos clínicos, de baixa e média complexidade. E salienta o crescimento de casos de Influenza. “Estamos vendo um pico da influenza que a gente não teve nos últimos dois anos, porque o vírus praticamente não circulou, não atacou crianças, não atacou idosos. E agora, como a gente teve uma população que ficou isolada durante praticamente dois anos, principalmente as crianças, nós temos uma faixa grande da população sem imunidade contra outros vírus, como Influenza e outros vírus circulando agora”, avalia.

Para Elsade, “o rebote da Covid-19”, o grande número de pessoas com sequelas da doença, pegando outros vírus e “piorando mais rápido”, a diminuição do quantitativo de leitos e superlotação das emergências em Porto Alegre e na região Metropolitana agravaram os problemas na rede de saúde.

Ele lembra ainda do impacto provocado por problemas enfrentados por hospitais de Canoas, na região Metropolitana, com boa parte dos pacientes sendo encaminhada para a capital. “O aumento rápido da estrutura SUS não é muito simples, não é fácil conseguir profissionais”, enfatiza, destacando as questões legais e orçamentárias que envolvem o tema. “A gente conseguiu aumentar pontualmente, num período de crise, convocando profissionais, ampliando em estruturas emergenciais, às vezes com profissionais também por convocação, mas esse regime de força, de exceção, não se consegue manter indefinidamente”, justifica.