Testagem contra a Covid-19 aumenta e demora gera reclamações em Porto Alegre

SUS desautoriza pessoas sem sintomas a fazer o teste

Foto: Alina Souza/CP

A prefeitura de Porto Alegre oferece a testagem contra a Covid-19 em quatro centros e 132 unidades de saúde. Embora o número pareça alto, há quem reclame da falta de controle em determinados locais e dos critérios usados para designar um paciente infectado pelo coronavírus. O analista financeiro Henrique Acosta, de 29 anos, morador do Centro Histórico, relata que procurou um destes centros de testes, a Unidade de Saúde da Tristeza, na última quinta-feira, acompanhado da namorada, a arquiteta Carolina Chassot, 26, que tinha sintomas de Covid.

“Chegamos lá em torno de 10h30min, e não havíamos sido atendidos às 15h30min. Havia fila, e andava muito devagar. Aí fomos avisados de que não havia perspectiva de sermos atendidos na próxima hora, apenas quem já estivesse aguardando dentro do centro de testagem, já que os testes estavam acabando”, disse Acosta. O casal acabou desistindo do atendimento, e a namorada entrou em contato com chefia no trabalho. “Ela testou na rede privada e a empresa se ofereceu para ressarcir os custos”, completou. O resultado, porém, deu negativo.

A diarista Cristiane de Assis Barboza passou por experiência parecida, também na última quinta, na Unidade de Saúde Farrapos, onda não há um centro de testagem. Ela conta que chegou às 9h30min no local, sendo rapidamente atendida. Com sintomas da doença, ela não chegou a ser testada, nem atendida por um médico, apenas por uma equipe de servidores. “Eles já dão que é positivo e um atestado para a pessoa ficar em casa”, critica. Cristiane também disse ter sido orientada a procurar um hospital em caso de agravamento da situação.

Procurada, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) orientou que os usuários busquem um dos quatro centros para realizar o teste rápido de antígeno, que possuem capacidade de atendimento maior. Além de na Unidade de Saúde Tristeza, há centros de triagem nas unidades São Carlos e Assis Brasil, e na Clínica da Família Álvaro Difini.

De acordo com a SMS, depois de avaliarem o volume de usuários e a capacidade de atendimento, as equipes em geral distribuem fichas para organizar o atendimento. Sobre o caso relatado por Cristiane, a Pasta reitera que qualquer pessoa que contatou caso positivo de Covid-19 é considerada também com a doença, pelo critério clínico-epidemiológico, e não há indicação de testagem. Caso o paciente não tenha sintomas e, ainda assim, queira fazer o teste, a orientação é buscar a rede privada, já que não há autorização no SUS.

Ainda segundo a SMS, se a pessoa teve contato com um caso positivo e está com sintomas, passa por avaliação na unidade de saúde e recebe atestado de afastamento. A preocupação dos moradores ocorre ao mesmo tempo em que há uma tendência geral de aumento nas testagens.

De acordo com a Prefeitura de Porto Alegre, cerca de 6 mil testes foram aplicados entre os dias 15 e 21 de maio, número semelhante ao da virada de abril para maio. Houve um pico de 10 mil testes na semana entre 8 e 14 de maio. Já entre março e a metade de abril, eram por volta de 5 mil testagens semanalmente.

Conforme a Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma), foram realizados em maio, até o último dia 22, mais de 87,5 mil testes para detecção da Covid-19 na rede privada do Rio Grande do Sul. O número já é maior do que os meses anteriores de março e abril, porém distantes de fevereiro (230,6 mil) e janeiro (476,4 mil). O índice de positividade dos testes é de 30,7%, também maior do que os dois meses precedentes. Entre as redes de farmácias consultadas, Panvel e São João também relataram, sem detalhar número, aumento na procura pela testagem