O projeto de concessão do parque Jardim Botânico de Porto Alegre pautou hoje a segunda audiência pública no auditório do Centro Administrativo Fernando Ferrari (Caff). Representantes do governo estadual do consórcio Araucárias, responsável pelo projeto, detalharam o uso de áreas, atrativos e instalações, além de apresentar os investimentos destinados à requalificação e modernização do local, que, em três anos, devem chegar a R$ 30 milhões. A previsão é de que o edital de licitação seja publicado até o fim de junho.
O secretário extraordinário de Parcerias, Leonardo Busatto, explica que a concessão do espaço vai ter 30 anos de vigência. “É um contrato de longo prazo com todas as garantias e salvaguardas e mecanismos para proteger o Estado e o próprio investidor”, observa. Busatto garante que as atividades de pesquisa, do Museu de Ciências Naturais de Porto Alegre, “da parte de inteligência da Secretaria de Meio Ambiente (Sema), da Fundação Zoobotânica e do Jardim Botânico” não fazem parte da concessão.
Conforme Busatto, o projeto trata da concessão dos espaços que podem ser utilizados pra fins mais comerciais e turísticos, como a construção de restaurante, bar ou algum espaço de entretenimento. “São coisas complementares que inclusive foram detalhados aqui pelo pelo próprio consórcio contratado pelo BNDES, que vai potencializar não só a atratividade de pessoas, inclusive apresentando uma projeção de aumento de visitação, gerando novamente mais receita”, completa, lembrando que o Consórcio Araucária estruturou o projeto com estudos de demanda, de potencial e exploração.
Busatto estima que, até o fim do mês de junho seja publicado o edital de licitação com a previsão do investimento obrigatório. “A gente vai ter toda a remodelação dos prédios existentes, inclusive do museu, ou seja, a empresa, a concessionária deve reformar os prédios em situação muito precária”, enfatiza.
Representando o Instituto Gaúcho de Estudos Ambientais (Ingá), o biólogo Paulo Brack criticou o abandono do Jardim Botânico e do Museu de Ciências Naturais de Porto Alegre, e avaliou que a concessão oferece riscos à preservação das 150 espécies do local.
“A gente está preocupado com o possível conflito que possa existir entre o concessionário que possa querer remover atividades que não se coadunem com os objetivos do Jardim Botânico”, explica. Ele alerta ainda para a possibilidade de plantação de espécies exóticas ao invés da preservação da flora nativa, que é o intuito principal do Jardim Botânico.