Em três anos, cobertura vacinal contra a poliomelite e tríplice viral despencou no RS

Em Porto Alegre, índices caíram ainda mais

Foto: Anselmo Cunha/Prefeitura de Porto Alegre

A diminuição da cobertura vacinal no país também se reflete em estados como o Rio Grande do Sul. Conforme o Centro Estadual de Vigilância em Saúde (CEVS), desde 2015 se observa uma tendência de queda nos índices de imunização contra doenças transmissíveis consideradas eliminadas, como o sarampo. As coberturas vacinais mantiveram tendência de queda em todas as faixas etárias a partir de 2019.

A campanha contra a poliomielite, por exemplo, teve cobertura de 85,09%, três anos atrás. O índice caiu para 84,15%, em 2020, e 75,18%, em 2021. Já a tríplice Viral D1, que protege contra sarampo, caxumba e rubéola, imunizou 91,23% do público-alvo em 2019; 84,08% em 2020, e 77,37% em 2021.

Levando em consideração a possibilidade de aumento na mortalidade infantil, já que a criança não vacinada se torna mais suscetível a adoecer e morrer, o governo do Estado mantém ações de busca ativa e Campanhas de Multivacinação, visando sobretudo proteger o público menor de seis anos de idade.

Entre as causas apontadas para o declínio vacinal, o CEVS observa que alguns fatores podem estar alavancando e mantendo esse cenário, como a diminuição da circulação de diversas doenças imunopreveníveis. Como consequência disso, a prevenção passa a ser colocada em segundo plano, “acreditando-se, muitas vezes, ser desnecessária, pois a população não convive mais com um grupo grande de doenças”.

O CEVS reforça ainda o aumento da disseminação de notícias falsas nas redes sociais, que também contribuem para a hesitação em se vacinar. Conforme o CEVS, as fake news vêm sendo apontadas pelo Ministério da Saúde como um dos motivos da queda dos números relacionados à imunização no país. A pandemia de coronavírus, a interrupção de serviços essenciais de saúde e o surgimento de movimentos antivacina no país também podem explicar esse cenário.

Diretor adjunto da Vigilância em Saúde em Porto Alegre, Benjamin Roitman confirmou queda expressiva da cobertura vacinal em Porto Alegre. O índice da tríplice viral, que era de 80% em 2019, baixou para 73%, em 2020, e para 55%, em 2021. Na vacina pentavalente, que previne contra difteria, tétano, coqueluche, meningite bacteriana e hepatite B, a cobertura na capital baixou de 80%, em 2019, para 58%, no ano passado. Na campanha contra a pólio, o volume de crianças imunizadas diminuiu de 79%, em 2020, para 48%, em 2021.

Para mudar esse quadro de declínio da cobertura vacinal, o infectologista Paulo Ernesto Gewehr Filho, do Hospital Moinhos de Vento, sugere orientar a população, reforçar as campanhas de vacinação e o acesso da população aos imunizantes, além de combater as fake news.

*Com informações do repórter Felipe Samuel/Correio do Povo