A Polícia Civil prendeu na madrugada desta sexta-feira uma falsa militar, que aplicou ao menos 80 golpes com prejuízos de milhares de reais às vítimas no Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Em apenas 18 casos, a Delegacia de Polícia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) de Canoas contabilizou cerca de R$ 200 mil em perdas.
No RS, foram 30 ocorrências registradas e, em SC, outras 50. A falsa militar, uma gaúcha de 42 anos, apresentava-se como major enfermeira e utilizava um nome de “guerra”. Ela se aproximava das vítimas e, após ganhar a confiança, conseguia dinheiro emprestado ou em sociedade, obtinha cartões de créditos, pedia pagamentos de contas e adquiria bens, além de não quitar aluguéis de imóveis e pedir valores para supostas vagas em escolas militares.
A falsa militar simulava inclusive que estava dentro de um quartel em meio a trabalhos administrativos, visando não despertar suspeitas das vítimas. Os contatos com as pessoas, a princípio podiam ser presenciais ou virtuais.
A investigação da equipe do delegado Thiago Lacerda contou depois com apoio do delegado Pablo Queiroz Rocha. Na ação, os agentes apreenderam uniformes completos com características militares, com insígnias, distintivos e identificação correspondentes ao oficialato, bem como um computador, um televisor, uma maquininha de pagamento e um equipamento de som.
O diretor da 2ª Delegacia Regional Metropolitana (2ª DPRM), delegado Mario Souza, observou que ainda não é possível saber se o fardamento empregado pela estelionatária é verdadeiro e, por isso, já entrou em contato com o Exército Brasileiro. De acordo com ele, a golpista cometeu “condutas reiteradas de estelionato praticadas pela investigada no período, agravado mediante o uso de paramentos como se fossem uniformes militares”.
“Diante da credibilidade que as Forças Armadas possuem perante à sociedade, foi um fator preponderante para o elevado número de vítimas. Quem tiver algum caso que possa ter sido vítima dessa falsa funcionária pública, deve denunciar.”, acrescentou,
Já o delegado Thiago Lacerda ressaltou que “foi um trabalho policial pontual, mas de considerável importância” diante do número de vítimas e uso do nome da instituição militar. A estelionatária já foi encaminhada ao sistema prisional.
A reportagem do Correio do Povo já entrou em contato com o Comando Militar do Sul (CMS) do Exército Brasileiro e aguarda uma manifestação oficial sobre o caso.