“Essa é a vida real”, afirmava o prefeito Sebastião Melo a um grupo de empresários e parceiros do setor privado enquanto apontava para o Arroio Feijó, no limite de Porto Alegre com Viamão, no Recanto do Sabiá, comunidade do bairro Mário Jardim Leopoldina. Casas em situações precárias na margem, com acúmulo de lixo e problemas de infraestrutura. Essa foi uma das paradas da 1ª Caravana Mais Comunidade, idealizada para levar investidores a regiões vulneráveis para levantar recursos por meio de contrapartidas e outros formatos de cooperação, realizada na manhã de hoje.
Pref. @SebastiaoMelo fala sobre a urgência da mudança de mentalidade daqueles que moram na cidade. Melo questionou quais seriam os motivos das pessoas sujarem a cidade. "Será que sujam suas casas assim? Desse jeito? É necessário ter o sentimento de pertencimento@RdGuaibaOficial pic.twitter.com/igVCKxUbY4
— Ana Aguiar (@AnaOAguiar) May 20, 2022
“Vocês são grandes parceiros da cidade e todos tem ajudado muito. Existem dezenas de cidades dentro da cidade. Precisamos encontrar soluções. Essa visita tem o traço maior de equilibrar as contrapartidas. Os empresários só querem as melhorias ao entorno dele”, disse o prefeito. Representantes da ATP, Fiergs, Sindha, Sindiatacadistas, Sindilojas, Sinduscon, Zaffari, Cúria Metropolitana, PUC, Ufrgs e Unisinos saíram em um ônibus da frente da prefeitura e acompanharam prefeito e secretários municipais em pontos do bairro.
“As maiores dificuldades são o saneamento básico, que não temos, a iluminação pública, a falta de área de lazer e a necessidade de um centro de reciclagem para a capacitação profissional e dignidade na vida dos moradores”, elencou Paulo Sérgio de Moraes Monteiro, presidente da Associação Dos Moradores Recanto Do Sabiá (ACARS).
Os moradores alertam que a região teve um “inchaço” no número de pessoas após a chegada daqueles que foram deslocados da Vila Nazaré, de onde saíram para a construção da nova pista do aeroporto, para o Loteamento Irmãos Maristas. “Precisamos de esgoto decente, uma praça, um posto de saúde e uma linha de ônibus. Hoje nossa comunidade tem um ônibus que não vai ao Centro. Pedimos o básico”, ressalta Monteiro, que ao lado do prefeito foi o responsável por apontar os problemas aos empresários.
Empresário sinaliza praça
Uma das demandas, a criação de uma praça, teve sinalização de apoio da iniciativa privada. Cláudio Zaffari, diretor do Grupo Zaffari, acompanhou a comitiva e se comprometeu a estudar uma forma de atender ao pedido. “Não há como atender todas as demandas. Dentro do planejamento geral, existe alguma que podemos antecipar. É possível destinar algo para o local. Vamos definir o que tem que ser feito com clareza”, explicou.
“O poder público demora demais. Não é que não saia, mas para sair com mãos rapidez a iniciativa privada tem a possibilidade de contratar direto”, enfatizou Melo, citando problemas com empresas vencedoras de licitações que desistiram de obras como em serviços do encanamento da região central. Em diálogo com os populares, Melo se comprometeu a liberar projeto de construção de um centro de reciclagem, além de determinar o recolhimento do lixo no arroio e acionar equipes da Vigilância Sanitária que atuam no combate à dengue. “Não é porque esfriou que a dengue foi embora”, disse.
Famílias em situação de risco
Em outro ponto do bairro, na comunidade João Goulart, o grande problema são famílias que moram em áreas de risco. “Essa comunidade teve risco de ser retirada e houve o esforço da população. Mas é uma área muito carente e temos moradoras em área de alto risco, praticamente dentro do valão”, disse o vice-presidente da Cooperativa Quintanas, Paulo Ricardo Rosa da Rosa. Ele estima que pelo menos 50 famílias estão nesta situação, às margens do arroio.
Outro problema é a falta de energia. Um dos primeiros moradores da comunidade, formada há cerca de cinco anos, Juscelino Silveira reclamou para Melo que o local estava sem energia elétrica já faz quatro dias. O prefeito, do seu celular, entrou em contato com a concessionária de energia elétrica e pediu atenção à situação no local. “Aqui ficamos sem luz direto. É só dar um vento que os fios balançam e ficamos com medo que caiam”, disse Silveira.
Regularização de áreas
A prefeitura trabalha na regularização fundiária das áreas visitadas. O Recanto do Sábia era um parque linear de proteção das cheias do arroio, que não previa a ocupação para uso domiciliar, próximo ao loteamento Timbaúva. “Não era para ter moradias. A ocupação começou em 2004 e é uma área bem difícil de regularizar. Nossa ideia é manter no local as famílias que for possível, melhorando a infraestrutura”, explica a secretária-adjunta da Secretaria Municipal de Habitação e Regularização Fundiária, Simone Somensi.
“A ocupação João Goulart é recente, de uns cinco anos para cá. Houve um litígio e para ser resolvido foi criada uma cooperativa que está pagando pela área. Nesses casos, o município passa a atuar a partir da resolução desse conflito”, explica Simone. “Fizemos recentemente um estudo de topografia, um primeiro estágio para planejar estrategicamente melhorias de infraestrutura”, afirma. A adjunta reforça que a pasta trabalha junto da cooperativa para busca de soluções na área.
A Caravana Mais Comunidade vai visitar outras áreas vulneráveis com intervalos estimados em cerca de 20 dias. Além dos empresários e secretários municipais de diversas pastas, os vereadores Alvoni Medina (REP), Giovane Byl (PTB), Alexandre Bobadra (PL) e Cassiá Carpes (PP), acompanharam a comitiva.