“A questão da altura precisa ser enfrentada”, afirma Melo sobre Plano Diretor de Porto Alegre

Prefeito defende mudança para viabilizar a recuperação do Arroio Dilúvio

Foto: Prefeitura de Porto Alegre/Reprodução

O início dos estudos para recuperação do Arroio Dilúvio, em Porto Alegre, foi acompanhado de uma antiga polêmica na Capital: a altura dos prédios. Hoje, o Plano Diretor do município prevê que o máximo seja de 52 metros (equivalente a 18 andares). E esse é apenas um dos pontos que precisam ser alterados para dar viabilidade econômica à ideia da prefeitura.

Em entrevista ao programa Agora, da Rádio Guaíba, na manhã desta quinta-feira (12), o prefeito Sebastião Melo (MDB) reiterou a pretensão de apresentar uma proposta à Câmara. Ele explica que prédios mais altos possuem mais valor de mercado, abrindo a possibilidade da administração pedir contrapartidas à iniciativa privada na forma de serviços.

“A questão da altura precisa ser enfrentada. Eu não tenho nenhum problema com altura. Prefiro um prédio alto, bonito, esbelto a uma construção baixa e que não tenha espaço. Você pode fazer um prédio alta e pedir, como contrapartida, a construção de áreas-verde, calçadas, revitalizações. Não vejo nenhum crime nisso”, ressalta o político.

Operação consorciada

Melo está em Malmö, na Suécia, onde participa de um congresso sobre planejamento urbano sustentável que conta com a presença de prefeitos de todo o mundo. Foi durante a agenda na Europa que a possibilidade de construção de um parque linear ao redor do Dilúvio veio a público pela primeira vez, levantando um debate na sociedade.

A ideia do Executivo de Porto Alegre é criar uma Operação Urbana Consorciada – regime que, na prática, institui um fundo para investimentos que é abastecido com recursos da iniciativa privada. Ou seja: a empresa que construir um prédio maior do 52 metros vai ter que ajudar a transformar o curso d’água que se estende por toda a avenida Ipiranga.

“Muitas cidades do mundo têm micro planos regionais, em certas localidades, para que se possa extrair todo o potencial daqueles lugares. Nós não temos dinheiro para fazer essa obra, já que a Ipiranga tem 11 quilômetros. É uma obra que tem que ser estudada em conjunto, fatiada e feita conforme os recursos disponíveis”, ressalta o prefeito.

Sebastião Melo estima que o edital para o desenvolvimento do modelo de negócios vai custar R$ 10 milhões. O montante já está reservado no caixa, mas não será usado antes da aprovação dos vereadores. A novidade é comparada à revitalização da Orla do Guaíba, que também enfrentou críticas e, hoje, é considerada um sucesso.