O endividamento atingiu 96,5% das famílias gaúchas em abril, um novo recorde histórico para a série iniciada em janeiro de 2010. O percentual sobe para 97,2% para as famílias com renda de até 10 salários mínimos. Os dados foram divulgados na manhã desta quarta-feira pela Fecomércio-RS com base na Pesquisa de Endividamento e Inadimplência dos Consumidores Gaúchos (PEIC-RS) referente ao mês de abril.
O Percentual de Famílias Endividadas pode ser decomposto entre famílias com renda mensal de até dez salários mínimos ou de mais de dez salários mínimos. A análise desses grupos demonstra um percentual de 97,2% para as famílias de até 10 salários mínimos e de 93,5% para as famílias de maior renda. Quando se compara com abril de 2021, o crescimento do percentual de endividados fica mais evidente: para famílias de até 10 salários mínimos era de 74,5% e para as famílias de renda superior era de 67,9%.
“É muito importante não confundirmos endividamento com inadimplência. Endividada é toda e qualquer pessoa que faz uso de crédito. Com a popularização dos cartões de crédito e a possibilidade de parcelar sem juros no cartão, temos um convite ao endividamento, especialmente em um cenário inflacionado como temos atualmente”, comentou o presidente da Fecomércio-RS, Luiz Carlos Bohn.
O percentual de famílias que se consideram “muito endividadas” também registrou alta. De abril do ano passado para o deste ano, o percentual passou de 11,1% para 23,5%, o que evidencia a importância do uso do crédito em um contexto em que as famílias têm dificuldades de financiar o consumo com a renda corrente.
O Percentual de Famílias com Contas em Atraso se elevou para 37,5%, já que no mesmo período do ano passado era de 20,9%. A análise por grupos de renda evidencia que a piora tem ocorrido nas famílias que recebem até 10 s.m. Nesse grupo, o salto interanual foi de 23,3% para 44,8%. Nessa mesma comparação, para as famílias de maior renda, houve redução, tendo o percentual ido de 11,9% em abril de 2021 para 8,3% em abril de 2022.
Ainda nas contas em atraso, o tempo médio para o pagamento apresentou redução nesse período. Em abril de 2021, a média era de 50,2 dias e passou para 39,6 dias nesta última edição.
“A redução no tempo de pagamento com atraso revela que os indivíduos têm se esforçado para resolver a questão da inadimplência. Isso também é visível no percentual de famílias que não terão condições de quitar suas dívidas dentro dos próximos 30 dias”, complementou o dirigente, explicando que nesta edição da PEIC apenas 2,4% das famílias afirmaram que não teriam condições de pagar nenhuma das suas dívidas em atraso nos próximos 30 dias.