Após a confusão entre torcedores do Brasil de Pelotas e do São José, no último domingo, em Porto Alegre, quando um torcedor da equipe da zona Sul terminou hospitalizado em estado grave ao retirado do ônibus da torcida pela Brigada Militar (BM), clube, torcidas organizadas e entidades ligadas ao Xavante se manifestaram. Ainda na segunda-feira, a direção do Brasil declarou por meio de uma nota nas redes sociais que repudia atos e violência e que acompanha com atenção a situação de Raí Duarte, internado no Hospital Cristo Redentor após a abordagem policial.
Em outra nota, 11 torcidas organizadas, movimentos e entidades ligadas ao clube, como Esquadrão Xavante e Associação Cresce, Xavante, exigem que os fatos sejam apurados pelos órgãos competentes. No texto, redigido e assinado em conjunto, o grupo se declara contrário a qualquer tipo de violência, como a presenciada no Francisco Novelletto Neto (Passo d’Areia) no último domingo, e chama o caso que envolve Raí de “flagrante abuso de poder por parte das forças policiais” do Rio Grande do Sul. A nota ainda pondera que o ocorrido não representa toda a BM, mas indivíduos que devem ser responsabilizados pelo que fizeram.
A Brigada Militar ainda não se manifesta sobre o ocorrido, mas apura o que aconteceu com o torcedor, Um Inquérito Policial Militar (IPM) vai analisar as circunstâncias em um prazo de 40 dias, que pode ser prorrogado por mais 20 em caso de necessidade. Após, o procedimento segue para a Justiça Militar, que delibera pelo arquivamento ou oferecimento da denúncia.
Nota do Grêmio Esportivo Brasil
“O Grêmio Esportivo Brasil acompanha com atenção o estado de saúde do torcedor Raí Duarte, internado após abordagem policial no interior de um ônibus com torcedores Xavantes, nos arredores do Passo D’Areia, em Porto Alegre. O clube reitera que não apoia nenhum tipo de violência e busca junto às autoridades a compreensão dos fatos. O Brasil se solidariza com Raí e divulga aqui o pix pelo qual é possível fazer contribuições à família, para despesas de deslocamento e hospedagem. PIX/CPF 550.289.420-72. Marta Moraes Cardoso (mãe).”
Nota conjunta das torcidas organizadas e movimentos
As torcidas organizadas, grupos e demais movimentos ligados à massa Xavante vêm a público exigir que os fatos ocorridos em Porto Alegre, no dia 1º de maio de 2022, logo após a partida entre E.C. São José e G.E. Brasil, sejam apurados com rigor.
Inicialmente, reiteramos que somos contrários a qualquer tipo de violência, como as praticadas no estádio Francisco Novelletto Neto após o encerramento da partida, cujas imagens foram difundidas pela internet e pela mídia. Porém, esta nota conjunta diz respeito a outro episódio, inclusive mais grave: quando a violência parte do Estado – que deveria proteger e zelar pela população.
Os vídeos e relatos atestam que Raí Duarte, um torcedor Xavante, foi retirado de um dos ônibus das excursões acompanhado por policiais. Ele estava em plena saúde e forma, caminhando pacificamente. Pouco tempo depois, este mesmo torcedor foi conduzido ao hospital com traumatismo craniano e perfuração do intestino. Em paralelo a isso, outros torcedores relataram violência policial – escoriações, braço quebrado, dentre outras lesões. O que aconteceu com o Raí e com os demais torcedores é mais um flagrante de abuso de poder e autoridade.
Diante da gravidade da situação clínica do torcedor Raí, dos vídeos expostos em redes sociais e dos relatos, as torcidas organizadas, grupos e demais movimentos ligados à massa Xavante exigem que os fatos sejam apurados com rigor pelos órgãos competentes, como forma de promover a justiça.
Frisamos o entendimento de que esta conduta truculenta não representa a Brigada Militar como um todo, mas indivíduos que devem arcar com as consequências de seus atos. Também por este motivo, uma conduta eficaz dos órgãos competentes se torna ainda mais necessária.
Poderia ter acontecido com qualquer um de nós. Estamos juntos pelo Raí.