Bolsonaro: reajuste salarial de 5% desagrada a “todo mundo”

Chefe do Executivo reconheceu que há impasse diante da possibilidade de conceder aumento a servidores

Foto: Valdenio Pereira / PR / R7

O presidente Jair Bolsonaro (PL) reconheceu, nesta sexta-feira, que há impasse diante da possibilidade de reajuste salarial para os servidores públicos federais e que a alternativa de conceder 5% de aumento “desagrada a todo mundo”.

De acordo com o presidente, o primeiro impasse ocorreu durante a articulação do governo para conceder aumento salarial e promover a reestruturação das carreiras dos agentes das forças de segurança pública: Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal e Departamento Penitenciário Nacional.

Na sequência, as demais categorias, como Receita Federal e Banco Central, reagiram à possibilidade e também defenderam aumento. “Começaram a ameaçar o governo e (dizer) ‘vamos parar o Brasil se não tiver para todo mundo’ também”, relatou Bolsonaro.

Para resolver o impasse, o presidente escalou o ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, para arrefecer os ânimos dos policiais e discutir uma alternativa. Na época, o governo tentou elaborar um texto abordando o reajuste e a reestruturação de carreira, mas que não chegou a ser enviado ao Congresso Nacional. “Por [haver o risco] até mesmo [de] essa medida provisória cair no STF, tendo em vista eu estar privilegiando duas categorias que são simpáticas à minha pessoa.”

Bolsonaro contou, então, que o governo passou a considerar outra possibilidade – a de conceder reajuste salarial de 5% a todos os servidores públicos federais do país, o que “desagrada a todo mundo”. Segundo o chefe do Executivo, essa alternativa acarreta cortes em todos os ministérios, sem exceção.

Para cumprir o reajuste, o Executivo vai ter de diminuir os recursos de outros setores do governo. De acordo com a Lei Orçamentária de 2022, apenas R$ 1,7 bilhão podem ser usados para correções neste ano. Os 5% vão fazer com que o governo tenha de gastar até R$ 6,3 bilhões. Em entrevista a uma rádio de Cuiabá, Bolsonaro lembrou que precisa respeitar a lei do teto de gastos, e que todos os ministérios devem sofrer cortes para que se possa pagar o reajuste linear.

Policiais federais realizaram, na última quinta-feira, protestos em diversas cidades do país. Eles pedem ao presidente que “cumpra” o compromisso de valorização das forças de segurança pública e conceda reestruturação e reajuste salarial.