Senado quer ouvir Weintraub sobre atuação do Centrão no MEC

Valor subiu pela segunda semana consecutiva

Foto: Marcos Corrêa / PR

A Comissão de Educação do Senado aprovou, nesta quarta-feira, um convite para que o ex-ministro da Educação Abraham Weintraub preste depoimento no âmbito da apuração do grupo de denúncias de tráfico de influência de dois pastores na destinação de recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) a determinados municípios. Prefeitos já confirmaram na comissão a atuação dos pastores Gilmar Santos e Arilton Moura no Ministério da Educação (MEC).

Os senadores querem ouvir Weintraub sobre recentes declarações nas quais o ex-ministro afirmou que recebeu ordem do presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), para “entregar” o FNDE ao Centrão, composto por partidos que hoje dão sustentação ao governo, como o PL e o PP. O FNDE é uma autarquia ligada ao MEC. Weintraub, ex-aliado de Bolsonaro, hoje critica o presidente.

“Weintraub afirmou, ainda, ter entregado à Polícia Federal e ao Ministério Público uma série de documentos que podem comprovar ou revelar indícios de irregularidades na Educação. Os fatos narrados são gravíssimos e cabe a este Parlamento a apuração com rigor dos eventos (…)”, pontua o requerimento do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP).

A comissão previa ouvir nesta quarta-feira três pessoas, mas todas faltaram. Uma delas é o prefeito de Centro Novo (MA), Júnior Garimpeiro, que havia confirmado a participação por meio de videoconferência, mas alegou um compromisso prévio e pediu a remarcação de oitiva, remarcada para a semana que vem. Os senadores também queriam ouvir Nely Jardim e Darwin Einstein Lima, apontados como intermediadores nas negociações entre os pastores e os prefeitos, mas ambos não compareceram.

O esquema
Denúncias feitas inicialmente pelo jornal O Estado de S. Paulo, em março, apontaram para a atuação de dois pastores, amigos do ex-ministro Milton Ribeiro, no MEC. Conforme relatos de prefeitos, os dois chamavam gestores municipais para reuniões no ministério e depois propunham ajudar a liberar recursos da Pasta. Um dos pastores, então, pedia propina para acelerar este processo.

Posteriormente, o jornal Folha de S. Paulo divulgou um áudio no qual o ex-ministro declara que vinha dando prioridade a pedidos feitos pelo pastor Gilmar a pedido do presidente Jair Bolsonaro.

Após a divulgação de uma série de informações sobre o caso envolvendo os pastores, Milton Ribeiro pediu demissão do cargo no MEC. Em carta, o ex-ministro justificou que após tomar conhecimento, em agosto de 2021, acerca de “uma pessoa” (que ele não cita o nome) que vinha cometendo irregularidades, denunciou à Controladoria-Geral da União.