Inflação bate recorde no mundo e FMI alerta para necessidade de ações de governos

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Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

(*) com Camila Nascimento, do R7

A inflação tem sido um entrave para muitas economias ao redor do mundo, fruto do aumento do preço de matérias-primas, principalmente, do petróleo, por causa da guerra entre Rússia e Ucrânia. Além disso, há ainda os lockdowns na China, que têm provocado gargalos de produção e devem desacelerar a economia do país.

Desde o início de março, o FMI (Fundo Monetário Internacional) destaca a necessidade de políticas monetárias de juros para frear o avanço de preços. Na Argentina, por exemplo, a inflação no país cresceu 6,7% em março em relação ao mês anterior e acumulou alta anual de 55,1%, o maior índice em 20 anos, segundo dados do Indec (Instituto Nacional de Estatística e Censos) da Argentina. Somente no primeiro trimestre de 2022, os preços dos alimentos tiveram alta de quase 20%.

A Rússia está sentindo em sua economia os impactos da guerra iniciada pelo próprio país. A inflação chegou a 17,49% em um ano, conforme apontou o Ministério da Economia. Esse é o maior percentual desde 2002. Em março, o país teve também um aumento mensal da taxa recorde (7,61%), o nível mais elevado desde 1999. A alta dos preços está sendo impulsionada pela volatilidade do rublo e pelas sanções impostas pelo Ocidente. A expectativa do banco central russo é que a taxa continue crescendo.

No Brasil, dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostraram que a inflação acumulou nos últimos 12 meses alta de 11,30%, o valor mais elevado desde 2003. A taxa subiu 1,62% em março, o maior aumento em um mês desde 1994, quando o Plano Real ainda não tinha sido implementado. Para conter o avanço dos preços, analistas preveem aumento dos juros.

No país, o aumento dos preços foi impulsionado pelo conflito na Ucrânia, que impactou os combustíveis. Com a guerra o valor do barril de petróleo ficou mais volátil, uma vez que a Rússia é um grande produtor da commodity. Como a maioria do transporte de cargas é feito pelo meio rodoviário, toda a cadeia produtiva foi impactada.

Contudo, os preços já vêm subindo desde o ano passado. Entre os motivos estão a energia mais cara por causa da bandeira de escassez que ficou em vigor até o dia 16 de abril deste ano e problemas na exportação, safras e plantações de produtos importados que enfrentaram excesso de chuva e secas.

Quanto aos Estados Unidos registraram em março a maior inflação em 41 anos, 8,5%, de acordo com o Departamento do Trabalho do país. A razão para a disparada dos preços é principalmente a guerra entre Ucrânia e Rússia, que afeta o mercado de alimentos e energia. O país também está com problemas relacionados a oferta por causa dos lockdowns na China.

A gasolina foi uma das responsáveis por esse índice, com elevação no preço de 18,3% em um mês. Já a energia subiu 11% e a alimentação, 1%. Em março, Joe Biden fez a maior liberação de petróleo da história para tentar diminuir o valor dos combustíveis.

Para conter o avanço dos preços, o FED (Federal Reserve) pretende adotar medidas mais agressivas. O comitê monetário do banco central americano planeja subir a taxa de juros em 0,5 ponto percentual em maio, visando retomar a inflação a 2%.