Nova metodologia de cálculo e manutenção de aporte municipal permitiram manter valor da passagem em Porto Alegre

Valor de R$ 4,80 fica em vigor, pelo menos, até 31 de janeiro de 2023, garante Prefeitura

Foto: Alex Rocha/PMPA

A manutenção da tarifa de ônibus, nos atuais R$ 4,80, em Porto Alegre teve, ao menos, dois fatores determinantes. O primeiro envolve uma nova metodologia de cálculo do ticket realizada pela Prefeitura. Conforme o município, o processo levou em conta o custo da operação, por quilômetro rodado, e a receita, que teve como balizadores a tarifa de ônibus e a quantidade de usuários transportados pelo sistema.

“Quanto mais passageiros você tem, em uma tarifa técnica, você tem que aportar mais. Então, quando é por quilômetro rodado, é o contrário… tu pagas o mesmo valor, independente se tem ou não mais passageiros. Esse sistema não podia ser aplicado na pandemia. Aí era o contrário, o gasto era maior. Agora, com o fim da pandemia, você elevando o número de passageiros você vai ter, portanto, um custo menor, porque paga por quilômetro”, explicou o prefeito Sebastião Melo (MDB). De acordo com ele, a tarifa de R$ 4,80, segue mantida, ao menos, até 31 de janeiro de 2023.

O chefe do Executivo revelou, ainda assim, que a Prefeitura vai seguir colocando cerca de R$ 98 milhões por mês no sistema, incluindo empresas privadas e a Carris. Segundo o município, contudo, o montante é menor que os aportes mensais realizados em 2020 (R$ 110 milhões) e 2021 (R$ 108 milhões).

A curto prazo esse valor vai ser financiado com recursos que deixaram de ser repassados a estudantes que perderam a meia passagem – cerca de R$ 25 milhões -, e com a ampliação da Área Azul – em torno de R$ 20 milhões. O restante completado pelo município.

Já no médio e longo prazo, a Prefeitura espera incluir recursos residuais da bilhetagem eletrônica, que está em processo de estudo por meio de uma consultoria, além do financiamento das isenções para idosos com 65 anos ou mais, por parte do governo federal.

Sobre esse último item, Melo adiantou que, caso a matéria seja aprovada na Câmara dos Deputados, o repasse pode ser utilizado em duas frentes. “Se vier o aporte federal nós vamos trabalhar com duas hipóteses. Hoje, há um acordo, que prevê mais de 70 ônibus de renovação da frota. Bom, quanto custa um ônibus atualmente? R$ 600 mil. Com essa tarifa aportada hoje para os operadores, eles não têm como renovar mais do que 70 ônibus. Se nós criarmos uma condição de aportar mais um valor para renovar a frota, você pode renovar a frota. Ou simplesmente eu vou manter essa frota velha e diminuir a passagem. Aí, é uma discussão que temos que fazer com a sociedade. Eu tenho uma opinião sobre isso, na qual financiaria mais ônibus novos com o dinheiro que viesse, para qualificar o sistema. Por que qualificando o sistema, você tem uma atratividade maior. No entanto, nós não podemos contar com aquilo (recurso federal) que é uma expectativa”, ponderou.

Durante a apresentação no Paço Municipal, Melo e o secretário de Mobilidade Urbana, Adão de Castro Júnior, também apresentaram uma estratégia de retomada gradativa da estrutura de operação do sistema, para qualificar o serviço aos usuários, chamada de “Mais Transporte – Programa de Reestruturação do Transporte em Porto Alegre”.

O objetivo da iniciativa é transformar um ciclo classificado pela atual gestão como vicioso em virtuoso, elaborando uma série de medidas, como o aumento nas ofertas de viagens, em 20%, nos próximos três meses, incluindo mais 19 linhas, considerando dias úteis, além da reativação de 18 itinerários no sábado e outros 27 no domingo.

Segundo o município, em março deste ano 13 milhões de passageiros foram transportados por ônibus contra 13,5 milhões em março de 2019, período pré-pandemia de coronavírus.