Reprodução de feto e bolsa de autotransfusão: saiba presentes recebidos por Bolsonaro

Presidente da República recebeu, desde que tomou posse, em 2019, mais de 10 mil lembranças — uma média de 8,6 por dia

Bolsonaro e a "Harley Mito" | Foto: Anderson Riedel / PR / R7 / CP

Quando soube que o presidente Jair Bolsonaro (PL) iria visitar Florianópolis, capital de um dos estados mais bolsonaristas do país, o artista Adauto José Pereira tratou de caprichar em uma de suas invenções. Conversou com amigos, que o influenciaram na decisão, e esculpiu durante três dias uma motocicleta do estilo Harley-Davidson de madeira, com os dizeres “Harley Mito”, em referência ao político que ajudou a eleger em 2018.

“Achei que não ia dar certo de entregar para o presidente, porque sempre tem muita segurança, o acesso é difícil. Mas comecei a fazer a moto. Fiz com calma, sem pressa, e demorou três dias para ficar pronta. Tenho fotos e vídeos, ele [Bolsonaro] parece criança em cima da moto”, relata.

A motocicleta de madeira feita pelo artista é um dos mais de 10.237 presentes que Bolsonaro ganhou desde que assumiu a Presidência da República, em janeiro de 2019, segundo dados obtidos pelo R7 via Lei de Acesso à Informação.

Os presentes podem ser destrinchados em quatro categorias: audiovisuais (508), bens de consumo (806), livros (2.195) e museológicos (6.728). Do último tipo, estão reprodução de feto, bolsa de autotransfusão emergencial, cinta pós-cirúrgica, máscara de proteção, cueca, charutos, detector de radiação, decantador de vinho, entre outros.

Na categoria dos livros, estão exemplares de bíblias e obras, entre outras, como ‘Marxismo e revolução cultural no Brasil’, ‘Você pode falar com Deus’, ‘Lula e a ideologia de Marx’, ‘Terrorista’, ‘Rio Amazonas’, ‘Pesca Submarina’, e ‘Reformando a democracia’.

Bolsonaro recebeu ainda presentes de outros chefes de Estado, como Vladimir Putin, Donald Trump e Xi Jinping. Entre as lembranças, estão um livro sobre a Casa Branca com fotografias e história, uma camisa de futebol do time D. C. United, dos Estados Unidos, um conjunto de dois copos para whisky, uma tigela em formato de uma folha de palma, entre outros.

De acordo com a legislação, o acervo de presentes é declarado de interesse público e, eventualmente, pode ser considerado como patrimônio da União — são aqueles recebidos em cerimônias oficiais de troca de presentes com chefes de Estado e de governo.

No caso de bens consumíveis, como doces e bebidas, estes não são incorporados como bens da União. Já documentos bibliográficos e museológicos recebidos em eventos, audiências e em visitas oficiais também se enquadram como patrimônio público.

Depois de recebidos, os presentes são catalogados pela Diretoria de Documentação História da Presidência da República, que cuida do acervo durante o mandato. Ao fim da gestão, providencia a mudança do ex-presidente e o envio dos objetos. Itens de natureza personalíssima ou de consumo direto, como roupas, alimentos e perfumes são presentes que podem ser levados ao fim do mandato presidencial.