A transferência de dez lideranças de facções deve arrefecer ainda mais o conflito entre as organizações criminosas rivais em Porto Alegre. A previsão é das instituições da área de segurança pública que planejaram a remoção de detentos deflagrada no início da manhã desta quarta-feira com a operação Fatura na Cadeia Pública (antigo Presídio Central), Penitenciária Estadual de Porto Alegre (Pepoa) e Penitenciária Modulada Estadual de Charqueadas (PMEC) para a Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc).
Durante o dia é realizada também uma revista em duas galerias da Cadeia Pública, ligadas às facções, para a apreensão de ilícitos, como telefones celulares e drogas. No dia 25 de março deste ano, dois líderes já tinham sido removidos. Estão atuando os policiais militares do 1º Batalhão de Polícia de Choque (1ºBChq) e policiais civis do Departamento Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), entre outros.
O comandante-geral da Brigada Militar, coronel Cláudio dos Santos Feoli, avaliou que a transferência e revista são “parte de um conjunto de ações que têm sido desencadeada pelas forças de segurança pública no sentido de trazer tranquilidade para a comunidade que habita o entorno das áreas conflagradas e à população de Porto Alegre”.
“Já temos ações somadas de ostensividade e de repressão qualificada, agora com transferência de lideranças, para que possamos demonstrar efetivamente a força do braço do Estado quanto às normalidades que foram constatadas”, acrescentou.
O subcomandante-geral da Brigada Militar, coronel Douglas da Rosa Soares, constatou que a revista nas duas galerias está “transcorrendo de forma tranquila” e “os apenados estão colaborativos com as ações”. De acordo com ele, “tudo ocorre de maneira muito pacífica”.
O coronel Douglas da Rosa Soares considerou que a remoção das lideranças busca sobretudo “a redução dos crimes violentos intencionais e o arrefecimento do conflito entre esses grupos criminosos”.
“Esta transferência é extremamente importante para conter esta disputa que está acontecendo em Porto Alegre, porque ela envolve os principais líderes destas organizações criminosas que estão disputando e se matando nos últimos dias”, declarou por sua vez o Chefe de Polícia Civil, delegado Fábio Lopes. “Eles estão sendo removidos e indo para um isolamento. A gente espera que, com mais esta medida, além de tantas outras, seja uma resposta que o Estado está dando”, afirmou.
Uma questão pontual
Destacando a repressão qualificada dos homicídios, o delegado Fábio Lopes frisou que o conflito na Capital é “uma questão pontual, mas que não deixa de ser grave e, por isso, merece toda nossa atenção”. Ele lembrou que as investigações da Polícia Civil já resultaram em mais de 30 presos e 52 identificados por envolvimento nas mortes, que somariam 25 caso seja confirmada uma execução ocorrida na noite dessa terça-feira no bairro Teresópolis.
Já a diretora do Departamento Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) da Polícia Civil, delegada Vanessa Pitrez, explicou que as lideranças de facções transferidas foram indicadas pelo órgão policial. “Fizemos os relatórios informativos a respeito de quem eles eram e qual a necessidade da transferência”, resumiu.
“É uma das estratégias que adotamos para buscar o estancamento destes homicídios, além de saturação das áreas, aliada com a investigação qualificada e aumento no número de prisões”, salientou.
Para a delegada Vanessa Pitrez, o isolamento dos líderes que comandam esta disputa “é uma combinação de providências do Estado” para acabar com as mortes. “Isso desmobiliza as organizações criminosas”, concluiu.
Um forte aparato de segurança foi montado para levar os apenados até a Pasc. Houve a mobilização da Secretaria da Segurança Pública do Estado, Secretaria de Justiça e Sistemas Penal e Socioeducativo, Polícia Civil, Brigada Militar e Superintendência dos Serviços Penitenciário. Ao longo da BR 290, a Polícia Rodoviária Federal reforçou o policiamento em apoio à passagem do comboio de viaturas em direção à Charqueadas.