Moro classifica como “história da carochinha” afirmação de que não há mais corrupção no Brasil

Ex-juiz federal e ministro da Justiça segue com futuro político em aberto

Moro, que era pré-candidato à presidência pelo Podemos, agora é filiado ao União Brasil. Foto: Rádio Guaíba

Doze dias se passaram desde que o ex-juiz federal Sergio Moro deixou o Podemos para se filiar ao União Brasil, de Luciano Bivar. Desde então, o ex-ministro da Justiça – e agora crítico ferrenho ao governo de Jair Bolsonaro (PL) – ainda não conseguiu definir qual será o seu futuro político, uma vez que a candidatura à Presidência da República é incerta.

Em entrevista ao programa Agora, da Rádio Guaíba, nesta terça-feira (12), ele reiterou que o projeto visando as eleições de outubro depende da construção que será feita junto a outros partidos. Para Moro, sua ida ao União Brasil representa “desprendimento” e é um passo atrás no projeto pessoal em prol da via de centro.

“Ninguém entra em um partido dizendo ‘eu sou pré-candidato a isso, pré-candidato àquilo’. O que é dito é que a minha filiação visa a formação de um centro político democrático. Isso precisa ser construído. Há uma grande demanda da sociedade por uma candidatura fora esses extremos”, pondera o ex-juiz federal.

Sergio Moro está no Rio Grande do Sul desde essa segunda-feira. Ontem, ele participou de uma reunião-almoço na Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Caxias do Sul. Hoje, tem compromissos na Associação Comercial de Canoas e no Fórum da Liberdade, que acontece em Porto Alegre.

“Não tenho nada pessoal contra Lula”

Desde a troca de partido, o ex-ministro da Justiça abriu diálogo com, pelo menos, dois pré-candidatos à presidência da República: Simone Tebet (MDB) e Eduardo Leite (PSDB). O último corre por fora na disputa pelo Palácio do Planalto, uma vez que perdeu as prévias do partido para o ex-governador de São Paulo, João Doria.

Ainda conforme Moro, as legendas de centro estão divididas internamente diante da possibilidade de apoiar Bolsonaro ou Lula. A ideia, portanto, é somar forças para lutar contra as plataformas que são classificadas pelo ex-juiz como “extremos” – ainda que o político tenha encontrado similaridades entre os nomes mais cotados nas pesquisas.

“Prendi o Lula porque apliquei a lei. Não tenho nada pessoal contra ele. Tenho problemas contra a corrupção que ocorreu no governo do PT. Por que eu deixei o Governo? Não temos ninguém no país, hoje, sendo preso por corrupção. A promessa do presidente era apoiar a Lava-Jato. Agora vem dizer que acabou? Isso é história da carochinha”, afirma.

O presidente do União Brasil, Luciano Bivar, é apontado por Sergio Moro como a figura que representa a legenda nas discussões sobre a unificação da chamada “terceira via”. O ex-juiz, que figurava entre a terceira e a quarta posição nas pesquisas eleitorais antes de trocar de partido, acredita que é o candidato com maior potencial.