O ministro das Relações Exteriores, Carlos França, afirmou nesta quarta-feira, no Senado, que a Rússia cruzou uma “linha vermelha” ao invadir a Ucrânia. O ministro se manifestou depois de ser convocado a falar sobre as consequências do conflito para o Brasil. A invasão russa ocorreu no fim de fevereiro, e a guerra entre os dois países dura desde então, com negociações, mas sem perspectiva de fim.
No encontro, França concordou com uma fala da senadora Kátia Abreu (PP-TO), presidente da comissão. “A agressão é inadmissível. No momento em que há o conflito armado, a invasão do território, nós entendemos que a Rússia cruzou uma linha vermelha. Quanto a isso não há dúvida quanto à posição do Brasil”, disse.
A senadora havia pontuado uma impressão de que há uma posição dúbia do Brasil em relação ao conflito. “Acho que o lado do Brasil está muito claro. É a defesa do interesse nacional e busca pela paz. E essa, eu penso, é uma posição que é respeitada lá fora”, ressaltou a parlamentar.
Kátia Abreu havia questionado o ministro pelo fato de o Brasil ter votado a favor da Ucrânia, condenando os ataques russos, no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), mas não ter assinado a declaração da Organização dos Estados Americanos (OEA) criticando a ação russa. Além disso, o Brasil se absteve em uma resolução contra a Rússia na Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
A senadora ainda perguntou como o Brasil condena o ataque e, ao mesmo tempo, critica as sanções. Antes da fala de Kátia, o ministro havia voltado a criticar as sanções econômicas contra a Rússia, apesar de dizer que entende o uso de sanções pela Europa e pelos Estados Unidos. “Era o instrumento, a arma que tinham naquele momento para contrapor o conflito. Mas, não posso deixar de estranhar a seletividade das sanções”, disse.
Em seguida, França ponderou que o Brasil também depende da Rússia para que a economia se desenvolva. “A própria Alemanha sofre hoje em dia com a possibilidade de deixar de contar com energia, combustível russo para as suas indústrias. De modo que eu penso que se até esses países têm dificuldade, imagina o Brasil, que depende dos fertilizantes para manter girando o motor do agronegócio?”, afirmou.