Depois de saltar mais de 12% em 2020, ano marcado pelo avanço da pandemia do novo coronavírus, a produtividade do trabalho no Brasil fechou 2021 com queda significativa, segundo dados apresentados pelo Observatório da Produtividade Regis Bonelli, do FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas).
De acordo com o estudo, enquanto o número de horas efetivamente trabalhadas desabou 8,3% ao longo do ano passado, as medidas que consideram as horas habitualmente trabalhadas e população ocupada recuaram 0,7% e 0,6%, respectivamente.
Somente na passagem do terceiro para o quarto trimestre de 2021, a produtividade por hora habitualmente trabalhada passou de 11,9% para 10,1%. Ao mesmo tempo, os volumes de pessoas ocupadas e de horas habitualmente trabalhadas subiram, respectivamente, de 7% para 7,5% e de 7,1 para 8%.
Fernando de Holanda Barbosa Filho, pesquisador sênior da área de Economia Aplicada do Ibre, atribuí a redução da produtividade ao retorno dos profissionais ao mercado de trabalho diante do arrefecimento da pandemia no Brasil. “No momento inicial da pandemia, houve uma maior redução das horas trabalhadas em setores que exigem muito o contato, mas têm produtividade mais baixa. Então, assim que a pandemia chegou, a produtividade expandiu”, explica Barbosa.
De acordo com o pesquisador, o movimento ocorre porque as atividades que passaram a ser realizadas remotamente e a indústria têm uma produtividade maior do que a de setores como o de serviços, mais afetado pelas medidas restritivas impostas para combater o vírus.