Mosca da bicheira precisa de controle regional

Um encontro internacional sobre mosca da bicheira, realizado em Porto Alegre essa semana, teve o objetivo de realizar encaminhamentos sobre o plano de erradicação do inseto, que provoca doenças e muitos prejuízos na pecuária. A reunião, promovida pelo Comitê Veterinário Permanente do Cone Sul, aconteceu no auditório da superintendência do Ministério da Agricultura, e contou com a presença de representantes do Uruguai, Colômbia e Paraguai, além dos técnicos do Ministério da Agricultura e Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural. O presidente do Fundo de Desenvolvimento e Defesa Sanitária Animal do RS, Rogério Kerber, representou o setor privado no evento.

A miíase, doença provocada pela mosca da bicheira, só existe nas Américas. Conforme o coordenador geral de Sanidade Animal do Mapa, Jorge Caetano Júnior, a mosca começou a ser erradicada a partir dos Estados Unidos até o Panamá em um processo que levou mais de 50 anos. Agora, a América do Sul e Caribe se mobilizam para verificar avanços neste processo. Segundo Caetano, o primeiro país a tomar a decisão de iniciar o processo de erradicação foi o Uruguai. “No Brasil, o Rio Grande do Sul é diretamente impactado pela decisão uruguaia, pois não há barreiras físicas em toda a região de fronteira” aponta.

A doença é caracterizada pela infestação de larvas de moscas no tecido vivo dos animais, na pele dos bovinos ou no umbigo de terneiros recém-nascidos, por exemplo. Provoca problemas de bem-estar animal, pois causa dor e desconforto, de perdas em produtividade, pela mortalidade de terneiros e redução no ganho de peso, e até ambientais, por conta de resíduos de contaminantes de produtos utilizados para o controle da mosca. Nas exportações, a doença também pode provocar problemas em relação à venda de animais vivos.

A técnica utilizada para a erradicação da mosca da bicheira é a dispersão de machos estéreis, produzidos a partir da irradiação de pupas do inseto. “Há a perspectiva de termos compartimentos livres da mosca, com áreas determinadas que possam dar garantias de qualidade de produtos ou animais destinados à exportação”, explica Caetano.

Para a diretora do Departamento de Defesa Agropecuária da Secretaria da Agricultura, Rosane Collares, o controle da mosca deve ser um projeto de longo prazo. “Estamos acompanhando os passos do Uruguai para tentar uma alternativa que seja adequada ao Rio Grande do Sul”, explica. Ainda segundo Rosane, é necessário que seja uma política pública em parceria com o setor produtivo. Conforme o presidente do Fundesa, Rogério Kerber, o assunto ainda precisa avançar e, como próximos passos, é necessário o entendimento e o engajamento do setor produtivo para contribuir na solução do problema.