O Instituto-Geral de Perícias (IGP) divulgou, nesta quinta-feira (31), uma pesquisa que revela o alto grau de adulteração da cocaína apreendida pela polícia no Rio Grande do Sul. Segundo o estudo, o teor de pureza da substância varia de 0% a 78% – sendo que a concentração encontrada na Região Metropolitana é a menor do Estado.
Na Capital, das 54 amostras analisadas, 35 tinham menos de 50% de teor de cocaína. Já em Gravataí, nenhuma das dez amostras apresentou mais do que 40% da substância em sua composição. Enquanto isso, em Canoas, apenas uma amostra tinha mais do que 50% de cocaína na fórmula.
Umas das amostras analisadas continha 0% de teor da droga, ou seja, o produto vendido como cocaína era, na verdade, majoritariamente composto por tetracaína. Em novembro de 2021, o IGP emitiu o Laudo comprovando que este era o adulterante apreendido em um caminhão na BR-448.
“Por não saber exatamente o que está comprando, e diante da grande variabilidade de concentrações constatada, podemos dizer que os usuários estão gravemente expostos ao risco de intoxicações e de overdose”, afirma a chefe da Divisão de Química Forense do Departamento de Perícias Laboratoriais do IGP, Lara Soccol Gris.
Padrão se repete no interior
O baixo padrão de concentração de cocaína se repete nas amostras provenientes do interior gaúcho. Na região oeste, a média aproximada do teor de cocaína ficou entre 15 a 35%, na região norte de 16 a 40%, entre 13 a 42% na região central e por fim, na região sul, o teor de cocaína nas amostras ficou entre 14 a 41%.
“Acreditamos que a cocaína já chega ao RS adulterada em algum grau. Porém, como existem muitas facções atuando no Estado e o objetivo final do tráfico é o lucro, a cocaína é mais adulterada ainda ao chegar aqui. A pesquisa pode contribuir para a identificação dessas rotas do tráfico”, ressalta Lara.
A cocaína é um poderoso estimulante do sistema nervoso central. O uso pode provocar problemas cardiovasculares, respiratórios, neurológicos e gastrointestinais, que vão de uma simples náusea até a morte. Por ter baixo rendimento nos processos químicos para obtenção, a cocaína é uma das drogas mais adulteradas no Brasil.
O país está no preocupante segundo lugar no ranking mundial no consumo da droga, ficando atrás apenas dos EUA. Do preparo até o refino, são adicionadas várias substâncias, fazendo com que a composição varie amplamente.