Enquanto o governador de São Paulo, João Doria, deve anunciar a desistência da candidatura à Presidência, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, cumpre o último dia de agenda oficial à frente do governo gaúcho, nesta quinta-feira (31), para se dedicar às eleições deste ano. Leite, que anunciou recentemente a permanência no PSDB, segue costurando aliança para ser o candidato da legenda ao Palácio do Planalto. Ele tem o apoio de caciques do partido e, apesar de ter perdido a vaga nas prévias tucanas, pode se valer da federação entre PSDB e Cidadania para ser o novo escolhido.
Nesta quinta, Leite publicou nas redes sociais que cumpre a última agenda à frente do governo, nas cidades de Santa Maria e Pelotas. A transferência oficial do cargo para o vice-governador Ranolfo Vieira deve ocorrer ainda na quinta. “O jogo continua sob a condução desse novo comandante”, afirmou o chefe do Executivo, dizendo estar “absolutamente tranquilo” sobre a atuação de Vieira.
Na última segunda-feira (28), Leite anunciou que deixaria o governo para se dedicar às eleições. Em um vídeo divulgado durante entrevista no Palácio Piratini, sede do Poder Executivo do RS, ele confirmou que ficará no PSDB, mas não informou a que cargo concorrerá.
Afirmando que a lei eleitoral o obriga a deixar o cargo, Leite disse que a decisão foi fruto de muita conversa com diferentes lideranças políticas e setores da sociedade. Na ocasião, ele disse estar convicto da medida, que traz “disponibilidade e liberdade” para realizar as movimentações eleitorais “em qualquer direção necessária, no Brasil ou no Rio Grande do Sul“.
Na mesma oportunidade, Leite anunciou que não deixaria seu partido para concorrer à Presidência por outra legenda. “O PSDB é importante na minha vida e na vida do meu país. Nós temos identificação na forma de enxergar a política e o Brasil, ainda que com diferenças normais, como em qualquer relação saudável.”
O governador negociava sua filiação ao PSD de Gilberto Kassab, que havia dado carta branca para que ele concorresse à Presidência da República. O presidente do partido também veio a público para dizer que o governador gaúcho havia desistido de mudar de legenda.
“Quero desejar boa sorte ao Eduardo Leite, um valoroso quadro, jovem, bem preparado. Não é porque ele não aceitou o nosso convite que vou deixar de formular meus cumprimentos, meus votos de reconhecimento da carreira e vida pessoal”, declarou Kassab.
Vencedor das prévias do PSDB, em novembro do ano passado, o governador João Doria deve anunciar a desistência em disputar a Presidência da República nas eleições 2022 pelo partido. Ele tinha uma série de compromissos que foram cancelados de última hora.
Por meio de nota, a assessoria de imprensa do governo de São Paulo informou que “ao contrário do previsto anteriormente, o governador não irá mais até o Edifício-Monumento do Novo Museu do Ipiranga, ao Parque da Cidadania em Heliópolis e à B3. Apenas essa agenda da B3 está mantida, mas sem a presença dele”.
Foi confirmada apenas a participação do governador no 4º Seminário Municipalista que acontece no Palácio dos Bandeirantes, às 16h, quando ele fará um pronunciamento à imprensa. Nesta manhã, o governador teria surpreendido aliados e auxiliares ao comunicar que desistiu de concorrer à Presidência. Ele deixaria o cargo no Executivo paulista hoje.
O fato teria pego de surpresa também o vice-governador Rodrigo Garcia (PSDB), que era apresentado por Doria como CEO do governo e assumiria o cargo. Ele até pediu demissão da Secretaria de Governo. Segundo aliados, o governador deve também anunciar a saída do PSDB e que não vai tentar a reeleição ao Governo de São Paulo.
Na noite dessa quarta (30), em jantar com amigos, empresários, aliados e secretários, sem a presença de Garcia, Doria já havia sinalizado, em discurso, que poderia abrir mão da disputa. “Não faço imposição do meu nome, pelo contrário. Não parto do pressuposto que tem ser eu. É preciso ter grandeza e espírito elevado”, afirmou o governador paulista.