Em relatório enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF), a Polícia Federal descartou que o presidente Jair Bolsonaro tenha interferido na corporação. A investigação sobre o caso começou há dois anos, após declarações do ex-ministro da Justiça Sergio Moro. Ao deixar o cargo, em abril de 2020, Moro afirmou que o presidente sinalizou, em uma reunião no mesmo mês, a intenção de interferir na superintendência da corporação no Rio de Janeiro. O objetivo, de acordo com as acusações, era proteger amigos e parentes.
No entanto, para a PF, não foram encontrados elementos suficientes para caracterizar a eventual interferência ou a prática de qualquer crime por Bolsonaro em relação ao caso. “No decorrer dos quase dois anos de investigação, dezoito pessoas foram ouvidas, perícias foram realizadas, análises de dados e afastamentos de sigilos telemáticos implementados. Nenhuma prova consistente para a subsunção penal foi encontrada. Muito pelo contrário, todas testemunhas ouvidas foram assertivas em dizer que não receberam orientação ou qualquer pedido, mesmo que velado, para interferir ou influenciar investigações conduzidas na Polícia Federal”, salienta um trecho do relatório.
A Procuradoria-Geral da República, ao abrir a investigação, também apontou o risco de Moro ser enquadrado em crime de denunciação caluniosa, em caso de não confirmação das acusações. No entanto, para a Polícia Federal, o ex-ministro também não cometeu crime.
“Ressalta-se que o próprio ex-ministro da Justiça, cujo conhecimento na área criminal é indiscutível, disse que, quando expôs os fatos, teve como intenção ‘esclarecer as circunstâncias de sua saída’ e ‘preservar [a] autonomia da Polícia Federal’, pois, no seu entendimento, as trocas de comando ‘sem uma causa apontada e portanto arbitrária’ configurariam interferência política no órgão”, completa o texto do documento.