O primeiro dia de paralisação das entidades de classe da segurança pública do Rio Grande do Sul, nesta terça-feira, contou com a mobilização da categoria em frente ao Palácio da Polícia, no bairro Azenha. No interior gaúcho, as concentrações ocorreram em frente às delegacias municipais. Um documento de todas as categorias da segurança pública, incluindo policiais militares e bombeiros militares, também chegou à Assembleia Legislativa, em Porto Alegre.
Com a mobilização, o grupo pede reposição salarial e também chama a atenção da sociedade para a situação dos servidores da área. A mobilização que atinge a Polícia Civil (PC), Instituto-Geral de Perícias (IGP) e Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe), e vai ser repetida na próxima quinta-feira, prevê o funcionamento e operacionalidade apenas do que é considerado essencial ou urgente.
À reportagem do Correio do Povo, a Secretaria da Segurança Pública do Estado (SSP) informou que vêm sendo “monitorados os serviços para assegurar atendimento à população”.
Representativa dos servidores da Polícia Civil, a Ugeirm Sindicato considerou exitosa a paralisação. “O movimento está muito bom em todo o Interior e na capital. É um dia de diálogo com a população, explicando que estamos há quatro anos sem reposição salarial e podemos ficar mais dez”, declarou, referindo-se à intenção do governo em assinar o Regime de Recuperação Fiscal.
“O Regime de Recuperação Fiscal será assinado em julho com o governo federal e vai nos engessar os reajustes por até dez anos. A situação é extremamente grave”, alertou Isaac Ortiz, recordando também que “é final de governo”.
Segundo o presidente da Ugeirm Sindicato, a paralisação na Polícia Civil teve adesão tanto de agentes como de delegados, nesta terça. “Não teve operações”, citou como exemplo. “Estamos pedindo o apoio dos deputados nesta negociação com o governo”, resumiu.
O vice-presidente da Ugeirm Sindicato, Fabio Castro, também avaliou como positivo o movimento de hoje. Ele garantiu o atendimento das ocorrências consideradas graves e flagrantes. A entidade de classe recomendou a não circulação de viaturas, não cumprimento de mandados de prisão, serviço cartorário, entrega de intimações, oitivas e remessa de inquéritos ao Poder Judiciário, entre outras atividades.
No Instituto-Geral de Perícias, o vice-presidente do Sindicato dos Servidores do IGP (Sindiperícias), Henrique Bueno Machado, ressaltou a paralisação, por exemplo, no setor de emissão da carteira de identidade. “Aqueles crimes que não podem ser perdidos os vestígios estão sendo feitos, como local de morte e estupro”, ressalvou.
Henrique Bueno Machado recordou que “a segurança pública não parou durante a pandemia” e ponderou: “imagina os servidores, sem reposição inflacionária”. O vice-presidente do Sindiperícias espera que “o governo abra o diálogo” e “passe a receber os servidores da segurança pública, que é uma área nevrálgica e importante”.
Entidades se reúnem na sexta-feira para decidir novos passo da mobilização
Na Superintendência dos Serviços Penitenciários, o presidente da Amapergs Sindicato, Saulo Felipe Basso dos Santos, considerou histórica a reunião nessa segunda-feira com 14 entidades representativas de classe da área da segurança pública. Ele adiantou que um novo encontro acontece na próxima sexta-feira para avaliação e próximos passos da mobilização. “Esperamos um índice de reposição do governo”, sintetizou o dirigente.
Casas prisionais também aderiram à paralisação
A Amapergs Sindicato destacou a adesão de um terço nas 153 casas prisionais gaúchas. “Estamos monitorando. Colegas estão em frente às casas prisionais com cartazes, faixas e bandeiras. Temos de respeitar as especificidades de cada uma”, assinalou Saulo. A entidade de classe recomendou movimento de detentos somente em casos urgentes e a não realização de operações pente-fino nos presídios, mantendo apenas as atividades de cunho essencial.
A mobilização envolve a Associação dos Delegados de Polícia (ASDEP), o Sindicato dos Servidores da Polícia Civil (Sinpol-RS), o Sindicato de Agentes de Polícia (Ugeirm), a Associação dos Comissários de Polícia (ACP/RS), o Sindicato dos Servidores do Instituto-Geral de Perícias (Sindiperícias), a Associação dos Peritos Criminais (Acrigs), o Sindicato dos Servidores Penitenciários (Amapergs) e Associação dos Papiloscopistas (Aspapi).
Diante da impossibilidade de greve entre os policiais militares, prevista em lei, as entidades de classe da Brigada Militar e do Corpo de Bombeiros Militar do Rio Grande do Sul apenas formalizaram “apoio na luta pela recuperação salarial de toda a segurança pública”.