Milton Ribeiro acerta saída do governo para estancar desgaste

Acordo foi costurado entre o titular do Ministério da Educação e o presidente Jair Bolsonaro para evitar novos desgastes

Foto: Reprodução/RecordTV

Alvo de inquérito da Polícia Federal, o ministro da Educação, Milton Ribeiro, vai pedir licença do cargo depois de ser alvo de suspeitas de tráfico de influência dentro da pasta. A saída foi costurada com o presidente Jair Bolsonaro como a melhor solução para evitar mais desgastes pessoais e também ao governo, especialmente em ano eleitoral.

A informação foi confirmada pela reportagem com fontes envolvidas na negociação. De acordo com interlocutores, o ministro deve usar a licença para focar em sua defesa diante dos inquéritos. Não fossem as denúncias, Ribeiro não deixaria o governo nem na reforma ministerial, que deve ocorrer agora no fim do mês.

Durante reunião no ministério, Ribeiro afirmou que o governo federal prioriza prefeituras cujos pedidos de liberação de verba foram negociados por dois pastores (Gilmar Santos e Arilton Moura). O áudio foi revelado pelo jornal Folha de S. Paulo e, segundo o ministro, o pedido partiu do próprio Bolsonaro.

Após o escândalo vir à tona, a Polícia Federal abriu inquérito para investigar o suposto esquema de tráfico de influência envolvendo o ministro da Educação e pastores que frequentam a pasta, mas que não têm cargo público. O ato atende a uma determinação da ministra Cármen Lúcia, do STF (Supremo Tribunal Federal).

A corporação vai avaliar se os religiosos influenciaram o envio de verba para municípios em troca de propina, se o ministro da Educação sabia das irregularidades e se colaborou com elas. Nas próximas semanas, a PF deve ouvir Ribeiro e os pastores. As diligências estão a cargo do delegado Bruno Caladrini.

Lideranças e parlamentares religiosos defendiam que o ministro saísse do comando do MEC. Em caráter reservado, afirmam que o escândalo respingou na categoria, apesar de os pastores envolvidos não terem ligação, e que isso pode causar efeitos negativos, com vistas às eleições deste ano.

Em nota, Ribeiro blindou Bolsonaro e negou que o presidente tenha pedido atendimentos preferenciais na alocação de recursos públicos. O presidente, por sua vez, disse na tradicional live, da última quinta-feira (24), que botaria a cara no fogo pelo ministro. A reportagem acionou o Ministério da Educação e aguarda retorno. O espaço está aberto para manifestação.