O presidente Jair Bolsonaro (PL) participou, nesta quarta-feira, de um evento militar em Recife (PE). No discurso, elogiou decisões tomadas pelo comando do Exército e ignorou a crise envolvendo o ministro Milton Ribeiro, alvo de pedidos de renúncia.
“Hoje [estou] retornando mais uma vez a Pernambuco, ao nosso Nordeste, a grata satisfação como chefe supremo das Forças Armadas em inaugurar as obras de uma grande e única escola de formação de sargentos do Exército. Aqui juntam-se 13 escolas e 15 cursos do Brasil”, disse.
Bolsonaro participou da cerimônia de lançamento da pedra fundamental da nova Escola de Sargentos do Exército em Recife. No discurso, destacou que a escolha do local partiu do comandante do Exército, general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira. Os estados do Paraná e do Rio Grande do Sul também vinham disputando o empreendimento.
“A escolha foi técnica e, assim sendo, voltando aqui aos berços do Exército Brasileiro, que data de 1648, a formação dos novos sargentos, bem como o curso de aperfeiçoamento dos mesmos. Ganha o Nordeste, ganha o Exército e, mais do que tudo, ganha o nosso Brasil com essa escola que nasce com tudo para ser uma das melhores do mundo”, completou.
O evento se encerrou sem que Bolsonaro tenha citado a polêmica envolvendo Ribeiro, ministro da Educação. Durante uma reunião no ministério, o titular afirmou que o governo federal prioriza prefeituras cujos pedidos de liberação de verba foram negociados por dois pastores (Gilmar Santos e Arilton Moura) sem cargo no Executivo, no Legislativo, nem no Judiciário.
“Porque a minha prioridade é atender primeiro os municípios que mais precisam e, em segundo, atender a todos os que são amigos do pastor Gilmar. Porque foi um pedido especial que o presidente da República fez para mim sobre a questão de Gilmar. Apoio. Então o apoio que a gente pede não é segredo, isso pode ser [inaudível] é apoio sobre construção das igrejas”, disse Ribeiro, em áudio revelado pelo jornal Folha de S. Paulo.
Desde então, parlamentares acionaram instituições como a Procuradoria-Geral da República (PGR) e o Tribunal de Contas da União (TCU) para analisarem as denúncias. Outros já pedem que o ministro renuncie do cargo. Em nota, Ribeiro blindou Bolsonaro e negou liberação de recursos fora dos parâmetros da lei.
“Não há nenhuma possibilidade de o ministro determinar alocação de recursos para favorecer ou desfavorecer qualquer município ou estado. Registro ainda que o presidente da República não pediu atendimento preferencial a ninguém, solicitou apenas que pudesse receber todos que nos procurassem, inclusive as pessoas citadas na reportagem”, escreveu Ribeiro em nota pública.