“Sou mãe da Alexandra, com muito orgulho”. A frase, dita de forma emocionada é de Isailde Batista, mãe de Alexandra Dougokenski, que irá a júri popular a partir de amanhã em Planalto, no norte do Estado. Avó de Rafael Winques, morto no dia 15 de maio de 2020, conversou brevemente com a reportagem do Correio do Povo.
Instruída a não comentar detalhes do caso pela defesa da filha, Isailde, que será uma das pessoas ouvidas no julgamento, afirmou acreditar na inocência de Alexandra. “Só quero poder abraçar minha filha”, disse com os olhos marejados. Ela relata que esperava que esse abraço acontecesse ainda quando da reconstituição do crime, há dois anos. No entanto, o cordão de isolamento montado pela polícia o impediu. Desde então, os contatos entre mãe e filha são virtuais por conta da pandemia, que impede as vistas presenciais. Ao lado de um dos filhos, Alberto Cagol, ela relatou que o principal defeito de Alexandra era ser “boa demais” e acreditar nas pessoas erradas.
A linha da defesa de Alexandra consiste na negativa da autoria do crime. O advogado Jean Severo, um dos defensores, diz que o pai de Rafael, Rodrigo Winkes, teria matado o menino de forma involuntária e ameaçado o filho adolescente de Alexandra caso ela contasse para alguém. Mas, conforme os autos do processo, que tem 1,4 mil páginas, foi realizada a quebra dos sigilos telefônicos e telemáticos do pai, que junto com oitivas de testemunhas, levou a conclusão de que ele estava em Bento Gonçalves, na Serra, no momento do crime.
O Ministério Público acredita na culpa de Alexandra, única pessoa denunciada como ré. Para os promotores, ela matou o filho asfixiado, sem possibilitar nenhum tipo de reação, escondendo o corpo em uma caixa de papelão coberta por sacolas e retalhos de tecido na casa do vizinho. O primeiro dia do julgamento do Caso Rafael está marcado para está segunda-feira, às 9h30.