Novo comandante da BM aposta em inteligência e diálogo para coibir crimes contra a vida e tráfico de drogas

Em entrevista à Rádio Guaíba, oficial reforçou posição contrária à liberação de bebida alcoolica em estádios de futebol e disse que sociedade precisa decidir o que espera da BM

Foto: BM/Divulgação

Integrando os quadros da Brigada Militar (BM) desde 1991, o coronel Claudio dos Santos Feoli assumiu em fevereiro o comando-geral da instituição. Em entrevista exclusiva à Rádio Guaíba, o oficial adiantou que a gestão vai apostar em inteligência policial e no diálogo com outras instituições de Segurança Pública para coibir os crimes contra a vida e o tráfico de drogas. O novo comandante chega, ainda, com a missão de manter os indicadores da criminalidade em baixa.

Porto-alegrense, o coronel Feoli, de 48 anos, ingressou na BM em 25 de fevereiro de 91. É graduado em Ciências Jurídicas e Sociais pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (2002) e pós-graduado em Segurança Pública e Estado Democrático de Direito pela Faculdade do Ministério Público (2011) e em Políticas e Gestão de Segurança Pública pela Faculdade Estácio de Sá (2017).

Com vasta experiência em Operações Especiais e de Choque, Feoli detalhou que o principal desafio à frente da BM vai ser manter os indicadores criminais em queda. “Nós temos que celebrar a forma científica como nós planejamos o policiamento ostensivo, através do programa GESeg, de maneira integrada com outras instituições de segurança pública, que nos permite colocar o policial no local certo, na hora e no dia de maior incidência. Isso permite que nós possamos continuar reduzindo os índices criminais, apesar do déficit histórico de efetivo”, detalhou.

Antes de assumir o comando da BM, Feoli atuou como oficial-superior no antigo Batalhão de Operações Especiais (BOE), no gabinete do comando-geral, na Casa Militar e como comandante do 1º Batalhão de Polícia de Choque. Depois, assumiu a chefia do Comando de Policiamento de Choque (CP Choque), criado em dezembro de 2020 para centralizar a gestão dos seis BP Choques do Estado e, em maio de 2021, tomou posse oficialmente como subcomandante-geral da BM.

Uso de tecnologia no combate ao crime

Adquiridas recentemente pelo governo do Estado, as câmeras corporais foram testadas no Gre-Nal 435, realizado no estádio Beira Rio. O coronel Feoli explicou que esse primeiro momento envolve um “teste conceito” com duas empresas que são referências mundiais, para que se possa escolher a mais adequada para o tipo de serviço.

“Elas vão auxiliar para que a população tenha noção, inclusive, da rapidez de raciocínio com que temos que tomar decisões no cotidiano. Nós também temos algumas câmeras que dão a consciência situacional de determinadas operações. Por exemplo, no GreNal nós tivemos escolta do Grêmio e do Inter sendo feitas com essas câmeras. Elas faziam transmissão imediata e nós conseguíamos georeferenciar a escolta e também verificar a mesma visão que o batedor motociclista tinha”, explicou.

Violência em estádios de futebol

O oficial também comentou a onda de violência entre torcedores que vem sendo registrada em estádios de futebol do país. Casos recentes foram registrados na Bahia, no Paraná, e no Gre-Nal 435, que chegou a ser adiado por conta de uma pedra arremessada por um torcedor do Inter contra o ônibus do Grêmio, ferindo o jogador Villasanti.

Feoli destacou que a falta de racionalidade nas pessoas forçou a Brigada Militar a aumentar o efetivo que atua nos estádios, o que segundo o coronel causa um decréscimo no policiamento do cotidiano. Para o comandante da BM, a população precisa decidir o que quer. “É um debate que precisa ser feito, sobre o que a sociedade espera de atuação da BM. Nós sabemos que o cobertor é curto, na medida em que temos um déficit histórico de efetivo”, afirmou.

Sobre o debate em torno da liberação da bebida em estádios, proibida no Rio Grande do Sul desde 2008, o novo comandante da BM concorda com o secretário de Segurança Pública de Porto Alegre e ex-comandante-geral da BM, coronel Mario Ikeda. Para Feoli, a bebida deve ser proibida, não só nas arenas, como também no entorno. “Tenho que ir no mesmo caminho [do antecessor], na medida em que estamos preocupados com o policiamento de toda a cidade, com o bem-estar das pessoas em geral”, completou.

Confira a entrevista com Feoli, na íntegra, a partir das 19h, no Jornal de Domingo.