A diretoria da Sociedade Gaúcha de Infectologia (SGI) divulgou nota, nesta quinta-feira, defendendo a flexibilização da obrigatoriedade do uso de máscaras no Rio Grande do Sul. No documento, a entidade entende que o item, considerado essencial na proteção contra o coronavírus, pode ter o uso flexibilizado, principalmente em ambientes externos e ventilados, mas também nos internos, o que não é consenso entre os próprios médicos da área.
“Não há razão para o uso de máscara em ambientes externos, pois o vírus não transmite em ambientes ventilados, a não ser que haja uma aglomeração. Se vamos discutir flexibilização, temos que discutir ambientes internos. Na prática, as pessoas já não usam máscaras em encontros sociais com famílias, amigos e em churrascos, por exemplo. E isso não vem repercutindo em aumento de casos”, garantiu o presidente da SGI, Alessandro Pasqualotto, que reforçou que as máscaras devem ser mantidas em ambientes hospitalares, assim como para idosos, pessoas imunodeprimidas e doentes com outras comorbidades.
Conforme o médico, a essência da recomendação é baseada na imunização adquirida com a vacina, embora Pasqualotto saliente que há necessidade de aumento na procura pela terceira dose.
No entanto, a nota gerou espanto em parte da classe médica. “Fui surpreendido com essa nota, que é da direção, sem nenhum tipo de consulta aos associados. Ela não representa a opinião da Sociedade Brasileira de Infectologia e o mais lamentável é que a SGI não se manifestou por praticamente dois anos. Me parece até um pouco oportunista esse tipo de manifestação”, afirmou o infectologista no Hospital Clínicas de Porto Alegre (HCPA) e professor da Faculdade de Medicina da Ufrgs, Alexandre Zavascki.
O médico também destacou que entende que é hora de discutir a flexibilização em espaços a céu aberto, citando como exemplo o Rio de Janeiro, onde a evolução do numero de casos se mostra inferior à do Rio Grande do Sul. A capital fluminense flexibilizou inicialmente o uso da proteção ao ar livre. Zavascki disse, ainda, que não se pode levar em conta somente os dados relacionados à vacinação, mas também a “velocidade de descenso da pandemia, o número de casos e uma série de indicadores”.
*Com informações do repórter Felipe Nabinger