Nota que defende flexibilização em uso de máscaras gera debate entre infectologistas no RS

Documento divulgado pela diretoria da Sociedade Gaúcha de Infectologia gerou espanto em parte da classe médica

Foto: Fabiano do Amaral / CP

A diretoria da Sociedade Gaúcha de Infectologia (SGI) divulgou nota, nesta quinta-feira, defendendo a flexibilização da obrigatoriedade do uso de máscaras no Rio Grande do Sul. No documento, a entidade entende que o item, considerado essencial na proteção contra o coronavírus, pode ter o uso flexibilizado, principalmente em ambientes externos e ventilados, mas também nos internos, o que não é consenso entre os próprios médicos da área.

“Não há razão para o uso de máscara em ambientes externos, pois o vírus não transmite em ambientes ventilados, a não ser que haja uma aglomeração. Se vamos discutir flexibilização, temos que discutir ambientes internos. Na prática, as pessoas já não usam máscaras em encontros sociais com famílias, amigos e em churrascos, por exemplo. E isso não vem repercutindo em aumento de casos”, garantiu o presidente da SGI, Alessandro Pasqualotto, que reforçou que as máscaras devem ser mantidas em ambientes hospitalares, assim como para idosos, pessoas imunodeprimidas e doentes com outras comorbidades.

Conforme o médico, a essência da recomendação é baseada na imunização adquirida com a vacina, embora Pasqualotto saliente que há necessidade de aumento na procura pela terceira dose.

No entanto, a nota gerou espanto em parte da classe médica. “Fui surpreendido com essa nota, que é da direção, sem nenhum tipo de consulta aos associados. Ela não representa a opinião da Sociedade Brasileira de Infectologia e o mais lamentável é que a SGI não se manifestou por praticamente dois anos. Me parece até um pouco oportunista esse tipo de manifestação”, afirmou o infectologista no Hospital Clínicas de Porto Alegre (HCPA) e professor da Faculdade de Medicina da Ufrgs, Alexandre Zavascki.

O médico também destacou que entende que é hora de discutir a flexibilização em espaços a céu aberto, citando como exemplo o Rio de Janeiro, onde a evolução do numero de casos se mostra inferior à do Rio Grande do Sul. A capital fluminense flexibilizou inicialmente o uso da proteção ao ar livre. Zavascki disse, ainda, que não se pode levar em conta somente os dados relacionados à vacinação, mas também a “velocidade de descenso da pandemia, o número de casos e uma série de indicadores”.

*Com informações do repórter Felipe Nabinger