O encarregado de negócios da Ucrânia no Brasil, Anatoliy Tkach, afirmou, nesta quarta-feira, que a primeira rodada de negociações entre a Rússia e a Ucrânia não foi bem sucedida por se tratar de um ultimato e não uma legítima tentativa de acordo. “Estamos abertos a negociações, mas devem ser negociações e não ultimatos da parte russa”, disse.
Segundo Tkach, o governo russo apenas solicitou aos ucranianos que abaixassem as armas, retirassem as tropas e aprovassem a decisão de não integrar a Otan, aliança militar liderada pelos Estados Unidos. “É uma rendição que eles estavam solicitando”, completou. A primeira rodada de conversas ocorreu nessa segunda-feira, e terminou sem acordo. Há expectativa de novas negociações nesta quarta-feira.
Em meio ao impasse, os representantes ucranianos pressionam por um posicionamento do governo brasileiro em prol do fim do conflito. “Nesse momento, não existe neutralidade”, afirmou Tkach, em alusão à fala do presidente Jair Bolsonaro (PL) de que não tomaria partido. O mandatário ainda descartou a intenção de dialogar com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.
Na segunda, o encarregado de negócios já havia criticado o posicionamento de Bolsonaro, afirmando que ele estava “mal informado” e sugerindo uma conversa com Zelensky para mudar a orientação de neutralidade em relação ao ataque à Ucrânia.
Apesas das divergências, Tkach agradeceu a ajuda humanitária de brasileiros e disse que a embaixada está recebendo doações. “Estamos trabalhando em várias direções com campanhas para ajudar a Ucrânia a resistir à agressão, ajudar o civis que perderam as casas e que estão sofrendo as consequências da guerra. Pedimos a todos que se juntem aos esforços e ajudem.” Detalhes de como contribuir estão disponíveis na página do Facebook da embaixada.
A respeito da possibilidade de vistos humanitários para receber ucranianos no Brasil, Tkach disse que ainda aguarda a oficialização da medida e que ainda não há uma confirmação por parte do Itamaraty. “Algumas pessoas já se interessaram, mas temos que entender que o Brasil está longe da Ucrânia e, por isso, acredito que não serão muitas pessoas”, ponderou.