Representante da Ucrânia no Brasil nega racismo na fronteira

Estão sendo compartilhados nas redes relatos de africanos que tentam sair do país, mas são barrados na fronteira

Representante negou racismo na fronteira | Foto: Divulgação / CP

O encarregado de negócios da Embaixada da Ucrânia no Brasil, Anatoliy Tkach, negou, nesta segunda-feira, que haja ação por parte de autoridades policias na fronteira do país que priorizem pessoas brancas em detrimento das negras. Em meio à corrida por parte de cidadãos ucranianos e imigrantes para sair da Ucrânia, negros, em especial africanos, estão relatando racismo no tratamento dado por autoridades ucranianas, e falando sobre dificuldades enfrentadas ao tentar sair do país.

Questionado pelo R7, Anatoliy Tkach afirmou que o Ministério das Relações Exteriores pediu para que todas as autoridades deem maior apoio aos estrangeiros, negou racismo e falou em “campanha de desinformação”.

“Acredito que as autoridades ucranianas não tenham preconceito e estão dando esse apoio a todos, sem depender da cor da pele. Eu acho que isso pode ser uma campanha de desinformação, por isso penso outra vez que deve-se procurar a confirmação nas fontes de confiança”, disse.

Por meio da hashtag #africansinukraine (africanos na Ucrânia), estão sendo compartilhados relatos de que haveria uma segregação racial cometida por autoridades policiais. Vídeos e fotos estão sendo publicados nas redes sociais acusando as autoridades de promoverem uma diferenciação, dando prioridades à população ucraniana e deixando imigrantes negros para trás. A imprensa internacional também tem repercutido informações que apontam para esta segregação.

Um dos usuários do Twitter que tem publicado informações sobre este tratamento (@nkekiev) escreveu nesta segunda-feira que, na fronteira com a Polônia, oficiais ucranianos não deixaram indianos e africanos entrarem, e afirmaram que eles deveriam ir para a fronteira com a Romênia. “Até os nigerianos começarem a gritar racismo, eles tiveram que repensar”, explicou.

Segundo ele, africanos estavam há dois dias tentando cruzar esta fronteira, mas as autoridades ucranianas não permitiam. “Estão segregando. Ucranianos do outro lado, africanos e outros estrangeiros do outro lado. Como 100 ucranianos primeiro, depois dois africanos e outros estrangeiros”, escreveu.

A organização internacional União Africana publicou um comunicado, hoje, dizendo que está acompanhando de perto a situação na Ucrânia e que seus membros estão “particularmente perturbados com os relatos de que os cidadãos africanos do lado ucraniano da fronteira estão a ser recusados ​​o direito de atravessar a fronteira em segurança”.

No comunicado, o atual presidente da União Africana e do Senegal, Macky Sall, e o presidente da Comissão da União Africana, Moussa Faki Mahamat, frisaram que todas as pessoas têm o direito de cruzar as fronteiras internacionais durante o conflito, e que devem gozar dos mesmos direitos de atravessar com segurança, independentemente de sua nacionalidade ou identidade étnico-racial.

“Relatos de que os africanos são escolhidos para inaceitável tratamento desigual seriam chocantemente racistas e violariam o direito internacional. A este respeito, os presidentes incitam todos os países a respeitarem o direito internacional e a mostrarem a mesma empatia e apoio a todas as pessoas que fogem da guerra, independentemente da sua identidade racial”, frisaram.