Sanções à Rússia podem elevar preço do barril de petróleo e da gasolina no Brasil

Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

A redução no preço de litro da gasolina comum nos postos brasileiro, 0,35% a menos na última semana a R$ 6,56 conforme boletim semanal da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), pode se transformar em aumento nos próximos dias. Conforme especialistas, a exclusão da Rússia, uma das maiores produtoras mundiais de petróleo e gás, do sistema internacional de pagamentos Swift, uma represália das nações europeias e os Estados Unidos contra o conflito, pode elevar o preço do barril a US$ 150, o que faria o litro da gasolina no Brasil custar R$ 10.

Dados apresentados pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) revelam que o conflito militar no Leste Europeu terá reflexos na inflação e no Produto Interno Bruto (PIB) nacional. Na semana foi registrada alta no preço internacional do petróleo já no primeiro dia de invasão russa, na quinta-feira passada (24). O barril do tipo Brent encerrou a semana em US$ 105, no maior nível desde 2014.

Já o valor médio do etanol no Brasil apresentou redução e foi vendido por R$ 4,63 o litro, R$ 0,06 menor que a semana anterior. A recuperação da safra de cana-de-açúcar está reduzindo o preço do álcool anidro e isso vai ajudar a segurar a pressão do barril de petróleo num primeiro momento em relação à gasolina.

Desde novembro do ano passado, o litro do etanol anidro acumula queda de 24,6% em São Paulo, de acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Universidade de São Paulo (USP).

EXCLUSÃO DA RÚSSIA

A exclusão da Rússia do sistema internacional de pagamentos Swift, anunciada pela União Europeia e pelos Estados Unidos pode forçar a cotação do barril do petróleo para US$ 150, e com isso o preço da gasolina no Brasil chegando aos R$ 10 por litro. A estimativa é de Adriano Pires, um dos maiores especialistas em energia do Brasil.

Em entrevista ao vivo para a CNN Brasil, o sócio-fundador da CBIE (Centro Brasileira de Infraestrutura) afirmou que, em uma situação-limite, o preço do barril de petróleo pressionaria o preço dos combustíveis em todo o mundo. “Se, de fato, o petróleo chegar a US$ 150, não haverá outra saída, além da ajuda do governo, porque não há condições de as empresas repassarem esse aumento para os preços”, afirmou.

Pires lembrou que os preços do mercado brasileiros, atualmente, já apresentam uma defasagem de 9% a 10% em relação ao mercado internacional, mas não acredita que a Petrobras mexerá em sua tabela de preços, até que tenha clareza sobre qual será o novo piso do barril e o novo patamar da taxa de câmbio.