O presidente Jair Bolsonaro não se manifestou, até o final da manhã desta quinta-feira, sobre a invasão feita pela Rússia na Ucrânia. Por volta das 11h, ele participou de um evento realizado no interior de São Paulo e, mais cedo, falou com apoiadores no Palácio do Alvorada, em Brasília, mas não comentou o ataque. O vice-presidente, Hamilton Mourão, se pronunciou sobre os ataques e disse que o Brasil não apoia a invasão.
Durante a cerimônia em São Paulo, Bolsonaro afirmou, sem citar nomes, que existem protótipos de ditadores no país. Na sequência, relatou que governadores decretaram medidas de isolamento para conter a evolução do novo coronavírus.
“Assistimos ao longo dos últimos dois anos, vimos e sentimos na pele protótipos de ditadores por todo o Brasil, onde esses aprendizes de ditadores tomaram medidas, algumas populistas, outras não pensadas, mas que afetaram diretamente as nossas vidas”, disse.
“Eu tenho poder, tinha e tenho, de fechar todo o Brasil por decreto. Jamais cogitei isso, porque a liberdade está em primeiro lugar. Quase todos governadores obrigaram o povo a ficar em casa, mas não pensaram nas consequências”, completou.
As declarações ocorreram durante cerimônia de inauguração da travessia urbana de São José do Rio Preto, no interior de São Paulo. De lá, Bolsonaro seguiu para a capital para participar de um evento sobre reservatórios do Córrego Ipiranga. Por volta de 16h30min, o presidente retorna para Brasília.
Ainda no evento, Bolsonaro criticou o passaporte vacinal, documento que comprova a imunização contra a Covid-19, voltou a se colocar de forma contrária a medidas de isolamento e disse que o seu governo está há três anos sem nenhuma denúncia de corrupção.
Mais cedo, no Palácio do Alvorada, Bolsonaro falou sobre a retirada de dinheiro para ONGs e do jogo entre Palmeiras e Athletico, mas não citou a invasão russa.
Em nota, o Ministério das Relações Exteriores “pediu a suspensão imediata das hostilidades e ao início de negociações conducentes a uma solução diplomática” entre a Rússia e Ucrânia.
“O governo brasileiro acompanha com grave preocupação a deflagração de operações militares pela Federação da Rússia contra alvos no território da Ucrânia. O Brasil apela à suspensão imediata das hostilidades e ao início de negociações conducentes a uma solução diplomática para a questão, com base nos Acordos de Minsk e que leve em conta os legítimos interesses de segurança de todas as partes envolvidas e a proteção da população civil”, pontuou o Itamaraty.
Na semana passada, em meio à escalada da tensão da Rússia com a Ucrânia, Bolsonaro foi ao território russo se encontrar com Putin. Na ocasião, o presidente brasileiro manifestou solidariedade à Rússia, e a declaração não foi bem-vista pelo restante do mundo. A Casa Branca, inclusive, condenou a agenda.
Invasão da Rússia à Ucrânia
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, anunciou mais cedo que autorizou uma operação militar no leste da Ucrânia. Em pronunciamento, o russo afirmou que ação visa desmilitarizar o país vizinho, mas não ocupá-lo.
De acordo com Putin, a operação quer proteger a região de Donbas, no leste do país. Apesar da declaração do presidente russo, correspondentes de agências internacionais relatam diversas explosões na capital Kiev.
Putin alertou, ainda, que aqueles que “tentam interferir devem saber que a resposta da Rússia será imediata e levará a consequências que nunca conheceram.”
Em resposta à invasão, o presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski, decretou a lei marcial no país. Pela decisão, o governo substitui todas as leis e autoridades civis por leis militares – a medida, normalmente, é implantada em reação aos cenários de extremo conflito e as crises civis e políticas.
Zelenski comparou, também, as ações de Putin com a Alemanha contra os judeus na Segunda Guerra Mundial. Além disso, o presidente incentivou que a população saia às ruas com armas para defender o país.