O presidente Jair Bolsonaro deu posse, nesta terça-feira, ao novo diretor-geral da usina hidrelétrica de Itaipu, almirante Anatalicio Risden Júnior. Durante a solenidade, o mandatário afirmou que a empresa, administrada pelo Brasil e Paraguai, é “exemplo para o mundo de geração de energia” e exaltou ex-presidentes da época da ditadura militar. O governo prepara, ainda, a revisão de um acordo entre os dois países.
Segundo Bolsonaro, a Itaipu Binacional representa cerca de 11% da energia de fonte limpa brasileira e tem impacto, direto e indireto, em 40 municípios do estado do Paraná.
“Até poucos anos, as estatais eram deficitárias, hoje são lucrativas. A diferença está na casa dos R$ 90 bilhões [sem mencionar a referência do dado]. É a maneira séria de se escolher pessoas para estarem à frente dessas estatais. E nós temos a certeza de que o trabalho dele [do novo diretor-geral da Itaipu] será, em especial, fantástico para todos nós”, disse.
“Um novo Brasil surgiu há pouco tempo. Vamos levar adiante tudo aquilo de bom que nesse governo apareceu. O respeito com a coisa pública acima de tudo. Somente assim poderemos ser uma grande nação”, completou.
Em seu discurso, o chefe do Executivo comemorou as obras iniciadas no período da ditadura militar, como a usina de Itaipu, e exaltou os políticos. Na época, o acordo foi assinado pelos presidentes Emílio Garrastazu Médici (Brasil), o terceiro após 1964, e Alfredo Stroessner (Paraguai).
“O que seria do Brasil sem as obras dos anos 1970? Aqui, Itaipu Binacional. Volvendo meus olhos para a pequena mulher Tereza Cristina [ministra da Agricultura], Alysson Paolinelli. Também os anos 1970 geraram grandes personalidades. O nosso agronegócio, hoje em dia, é algo fantástico, graças a esse homem que foi descoberto, por nada mais nada menos, do que nosso prezado Ernesto Geisel. E Itaipu, Emilio Médici, juntamente com Alfredo Stroessner”, afirmou.
Bolsonaro disse, na sequência, a história não pode ser mudada e avaliou os ex-políticos que fizeram parte da ditadura como “homens de visão e futuro”.
Posse
Anatalicio Risden assume a diretoria-geral da Itaipu Nacional, cargo antes comandado por João Francisco Ferreira, com mandato de quatro anos. A nomeação havia sido publicada no DOU (Diário Oficial da União) em 27 de janeiro. O almirante será o 150º diretor-geral brasileiro da empresa.
O termo de posse foi assinado por Anatalicio nesta terça-feira (22) durante evento realizado no Palácio do Itamaraty, em Brasília. Estiveram presentes os ministros Carlos França (Relações Exteriores), Bento Albuquerque (Minas e Energia) e Ciro Nogueira (Casa Civil).
Em seu discurso, o novo diretor da Itaipu relatou que seu avô foi um dos pioneiros a levar energia elétrica para a cidade de Foz do Iguaçu, no Paraná, no final do século 18. O almirante destacou a dimensão do empreendimento, que “movimenta as áreas de geração de energia, diplomacia, social e ambiental”.
“A Itaipu é reconhecida internacionalmente por ser exemplo de liderança da agenda 20-30 da ONU, cumprindo com primazia todos os 17 objetos de desenvolvimento sustentável. Tudo isso prova que é possível, com esforços dos dois países, unir preservação ambiental com desenvolvimento econômico”, disse.
Revisão de acordo
O ministro de Minas e Energia informou que Brasil e Paraguai devem revisar em breve o Anexo C do Tratado de Itaipu, que dispõe sobre as bases financeiras do empreendimento e feito há cerca de 50 anos. A empresa conta com orçamento anual de US$ 3,5 bilhões, dos quais 70% são destinados ao pagamento da dívida da construção.
“A revisão será realizada em contexto político, graças ao êxito de esforços feitos ao longo de meio século, para garantir a quitação das dívidas relativas à construção do empreendimento. Brasil e Paraguai se beneficiarão, pela primeira vez, da geração de energia da Itaipu sem o pagamento de custos, que já representaram mais da metade do preço da energia dessa empresa”, disse Albuquerque.
Atualmente, ambos países têm direito a metade de energia que é produzida pela usina. O Paraguai utiliza cerca de 15% do total e esse é um dos termos que o país vizinho quer alterar. O tema foi tratado durante visita ao Brasil do presidente Mario Abdo Benítez, em março de 2019.
