Agricultores protestam em Porto Alegre para cobrar ações dos governos contra estiagem

Grupo faz manifestação em frente ao prédio da Secretaria Estadual da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural, em Porto Alegre

Foto Maiara Rauber / Divulgação

Agricultores familiares e camponeses estão concentrados, nesta manhã, em frente ao prédio da Secretaria Estadual da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural, localizado na avenida Getúlio Vargas, no bairro Menino Deus, em Porto Alegre. O grupo cobra ações dos governos gaúcho e federal, a fim de minimizar os efeitos da estiagem no Rio Grande do Sul.

A avenida Getúlio Vargas chegou a ficar bloqueada ao trânsito no trecho. Agentes da EPTC e Brigada Militar estão no local. Os agricultores solicitam a liberação de crédito e auxílio emergencial, assim como R$ 23 milhões do BNDES que estão na conta do governo do Estado e a criação de um Comitê Estadual da Estiagem com participação de secretarias e órgãos do governo. Em relação ao governo federal, os agricultores reivindicam o repasse de crédito e auxílio emergencial, anistia das dívidas e a liberação de milho com valor subsidiado.

O Rio Grande do Sul é o estado mais atingido pela seca, considerada a pior estiagem dos últimos 30 anos. Dos 497 municípios, 409 já decretaram situação de emergência por conta da estiagem que assola as lavouras e esvazia reservatórios no Estado. Segundo dados da Emater/Ascar – RS, mais de 257 mil propriedades de 9.600 localidades, sofrem com os efeitos da estiagem, situação essa que deixa 17,3 mil famílias com dificuldade de acesso à água. Em todo o Estado, produtores de milho, produtores de soja e a produção leiteira registram perdas. Mais de 54,7% da produção de milho foi perdida, a quebra na safra de soja alcança os 43,8% e os prejuízos previstos já ultrapassaram os R$ 27,8 bilhões. A situação também prejudica os consumidores urbanos com o aumento significativo dos preços de alimentos.

Durante o dia, os agricultores familiares e camponeses seguirão em mobilização com objetivo de mostrar para os governos, a alarmante situação que estão enfrentando e também estarão solicitando, novamente, uma audiência pública com a secretária da Agricultura, no intuito de cobrar ações efetivas.

Em uma das ações, dezenas de agricultores participaram de um ato simbólico de doação de sangue no Hemocentro de Porto Alegre. A ação reforça a solidariedade da população do campo, que mesmo em seus momentos mais difíceis não mede esforços para ajudar o próximo. O estoque de sangue em hospitais e hemocentros do RS é crítico, e a urgência na doação é necessária.

Além dos trabalhadores da agricultura familiar, que são oriundos de diversas regiões do Estado, também participam da ação movimentos urbanos, comunitários e sindicais. Fazem parte da mobilização integrantes da Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar do Rio Grande do Sul (FETRAF-RS), do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), do Movimento dos Atingidos por Barragem (MAB), da União das Cooperativas da Agricultura Familiar e Economia Solidária (UNICAFES) e do Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional do Rio Grande do Sul (CONSEA-RS), com apoio da CUT-RS.