Agricultores familiares mantêm protesto cobrando ações contra estiagem em Porto Alegre

Protesto teve início nas primeiras horas da manhã desta quarta

Foto: Mauro Schaefer/Correio do Povo

Cerca de 1,3 mil manifestantes, entre produtores rurais da agricultura familiar e representantes sindicais da categoria, seguem em protesto, que teve início nas primeiras horas da manhã desta quarta-feira, em frente ao prédio da Secretaria Estadual de Agricultura. A reivindicação é por ações do governo estadual para combater os efeitos da estiagem.

“Pedimos a criação de um comitê de crise composto pelo governo, por deputados e entidades que possam articular ações referentes à estiagem”, afirmou o coordenador geral da Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar do Rio Grande do Sul (Fetraf-RS), Douglas Cenci.

A Secretaria da Agricultura confirmou disponibilidade para atender a comitiva dos manifestantes. O secretário adjunto Luiz Fernando Rodriguez Júnior tentou uma reunião com o grupo às 10h, mas as lideranças exigiram a presença do governador ou do chefe da Casa Civil, Arthur Lemos. Por volta das 13h, com a chegada de Lemos, um grupo de manifestantes entrou para a reunião na sede da Pasta.

“A Secretaria está convencida de que está tomando as melhores ações administrativas para mitigar os efeitos da estiagem com os recursos orçamentários do Rio Grande do Sul. Agora, há diversas ações que pertencem ao governo federal”, argumentou Rodriguez Junior.

Segundo ele, é fundamental um alinhamento entre secretarias, ministérios e governos para que sejam liberados os cerca de R$ 4 bilhões esperados para equalização dos juros cobrados do produtor rural. “O subsídio é necessário para os juros, que eram 2,5% e hoje estão em mais de 10,6%. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) precisa desse valores para relançar os programas de financiamento rural”, explicou.

Rodriguez Junior também lembrou que a bancada federal gaúcha está buscando, no Congresso Nacional, a realocação de recursos para fortalecer a demanda que está entre os ministérios da Agricultura e da Economia. “O Ministério da Economia sabe que esses recursos são necessários. É importantíssimo que eles venham o mais breve possível, mas há ajustes orçamentários no governo federal que são necessários”, disse.

Até o início da tarde, o protesto seguia, causando interrupção total no trânsito da avenida Getúlio Vargas no sentido Sul/Norte. A EPTC desviou o trânsito pelas ruas Barbedo, Múcio Teixeira e Botafogo.

Mobilização em Ijuí
Além de Porto Alegre, há registro de manifestações na cidade de Ijuí, no Noroeste gaúcho. Pelo menos cinco mil agricultores fazem um ato alusivo ao 10º Grito de Alerta, na Praça da República, desde as 9h. Ijuí está entre os 409 município gaúchos que já decretaram situação de emergência por conta da estiagem que assola as lavouras e esvazia reservatórios do Rio Grande do Sul.

A pior estiagem é considerada a pior em 30 anos e o Estado é hoje o mais afetado do País. Segundo dados da Emater/Ascar – RS, mais de 257 mil propriedades de 9,6 mil localidades, sofrem com os efeitos da estiagem, situação que deixa 17,3 mil famílias com dificuldade de acesso à água.

Em todo o Rio Grande do Sul, produtores de milho, soja e leite registraram as maiores perdas. Mais de 54,7% da produção de milho se perdeu. A quebra na safra de soja alcança os 43,8% e os prejuízos previstos já ultrapassaram R$ 27,8 bilhões. A situação também prejudica os consumidores urbanos com os preços de alimentos subindo significativamente.