Fiocruz atualiza protocolo de retorno às aulas contra variante ômicron

Nota técnica sugere regras para suspensão de aulas, isolamento e testagem; grupo recomenda, ainda assim, que ensino seja preferencialmente presencial

Foto: Alex Rocha/PMPA

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) atualizou, nesta sexta-feira, as recomendações para a prevenção da Covid-19 no retorno às aulas, acompanhando novos critérios de autoridades sanitárias internacionais e sociedades médicas nacionais diante da variante ômicron. As orientações do Grupo de Trabalho de Retorno às Atividades Escolares Presenciais da Fiocruz podem ser consultadas em uma nota técnica incluindo protocolos em temas como suspensão das aulas, isolamento e testagem. O grupo recomenda que o ensino seja preferencialmente presencial.

“Sob forte recomendação de organismos internacionais e de setores do Judiciário, entre outros, recomenda-se que esse retorno seja presencial, uma vez que os prejuízos sociais, emocionais, educacionais, sanitários e econômicos já não permitem a manutenção do modelo remoto como preferencial para o processo de aprendizagem das crianças e adolescentes”, sustenta a nota técnica.

Ao introduzir o texto, os pesquisadores dizem que a variante ômicron já representa mais de 95% dos genomas de SARS-CoV-2 sequenciados no país, e que a característica mais marcante da cepa é a alta transmissibilidade, o que também implica maior potencial de transmissão domiciliar. Citando dados dos Estados Unidos e do Brasil, os pesquisadores concluem que, com o predomínio dessa cepa, aumentou o registro de casos de Covid-19 entre crianças e adolescentes, mas aparentemente sem aumento percentual de internações e mortes.

Isolamento
O documento contextualiza que autoridades sanitárias dos Estados Unidos e Europa estabeleceram critérios mais curtos para isolamento e quarentena com a chegada da variante ômicron, e que as Sociedades de Pediatria do Rio de Janeiro e de São Paulo também atualizaram esses critérios diante da nova cepa.

A Fiocruz orienta que, para adultos ou crianças com casos leves ou moderados de Covid-19 são necessários 10 dias de isolamento a contar da data de início dos sintomas de Covid. Mesmo assim, o retorno deve estar condicionado à ausência de sintomas, febre ou uso de antitérmicos nas últimas 24 horas. Caso outro teste seja realizado no quinto dia e o resultado seja negativo, esse tempo de isolamento pode ser reduzido para sete dias.

Já os casos assintomáticos confirmados exigem cinco dias de isolamento a contar da data do teste positivo, desde que um novo teste no quinto dia tenha o resultado negativo. Caso o resultado desse novo teste seja positivo, o isolamento se estende para sete dias.

A fundação reforça que o uso de máscara é fundamental. Para as pessoas que não puderem usar máscaras por contraindicação médica, o protocolo muda caso testem positivo para Covid-19 sem apresentar sintomas. Nesse caso, a orientação é que repitam o teste no quinto dia e, em caso positivo, o isolamento deve ser de 10 dias em vez de sete. Para pessoas que não possam usar máscaras e tenham casos sintomáticos, as orientações são as mesmas da população em geral.

Quando a criança ou o adulto tiver contato com alguma pessoa infectada, a quarentena deve ser de 10 dias a partir do contato, ou de sete dias caso um teste tenha resultado negativo no quinto dia após o contato. Já se o teste for positivo ou houver sintomas, devem ser aplicados os critérios recomendados para casos sintomáticos ou assintomáticos em geral.

Para pessoas que tenham apresentado Covid-19 grave ou sejam imunodeprimidas por doença ou por uso de imunossupressores, a recomendação é fazer quarentena de 20 dias, retornando apenas se nas últimas 24 horas não tiver usado antitérmicos e não apresentar sintomas, como febre.

Diante da informação de um caso positivo, os especialistas sugerem que se deve incentivar o rastreamento de contatos e buscar a realização de testes. A suspensão de aulas para uma turma deve ser adotada apenas em último caso e só é recomendada caso haja três ou mais diagnósticos simultâneos confirmados, o que deve ser informado às autoridades sanitárias e acompanhado para o rastreio de casos relacionados. Já o fechamento da escola deve ocorrer somente em caso de recomendação das autoridades sanitárias locais.

Vacinação e testagem
Além do rastreio de casos, os protocolos de prevenção à Covid-19 das escolas devem observar a ventilação dos ambientes, o uso adequado de máscaras, a lavagem de mãos e o distanciamento social, lembra a Fiocruz. Esses cuidados devem ser intensificados principalmente nos momentos das refeições, evitando realizá-las em locais sem o devido distanciamento e ventilação.

A Fiocruz explica ainda que a vacinação de toda a comunidade escolar é de grande relevância no controle da transmissão do vírus, e que a vacinação dos responsáveis e profissionais da educação também promove a proteção indireta das crianças menores de 5 anos, que ainda não podem receber a vacina.

Os pesquisadores também defendem que os testes são uma ferramenta importante para detectar e isolar casos, além de servirem como referência para determinar o tempo correto de isolamento.

Uma ferramenta importante apontada pelo documento é a comunicação ágil entre escolas, pais e estudantes. A Fiocruz recomenda que as escolas devem planejar um sistema rápido de informação e vigilância da Covid-19 no ambiente escolar, utilizando, inclusive, grupos de WhatsApp, questionários ou outras formas de comunicação rápida, para que pais, alunos e trabalhadores da educação possam enviar a informação imediata para tomada de decisão dos gestores.