Desembargadora Iris Helena assume presidência do Tribunal de Justiça do RS

Ao assumir a função nesta tarde, a desembargadora tornou-se a primeira mulher a assumir o cargo máximo na história do Judiciário gaúcho

Iris Helena Nogueira Medeiros
Desembargadora Iris é a primeira mulher a presidir o TJRS | Foto: Eduardo Nichele

A desembargadora Iris Helena Medeiros Nogueira tomou posse, na tarde desta terça-feira, como nova presidente do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS). A cerimônia, que contou com as presenças de diversas autoridades, entre elas o governador do Estado, Eduardo Leite (PSDB), e o presidente da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, Valdeci Oliveira (PT), ocorreu no plenário Ministro Pedro Soares Muñoz, respeitando protocolos de ocupação do espaço por conta do coronavírus.

Ao assumir a função, a magistrada, que tornou-se a primeira mulher a assumir o cargo máximo na história do judiciário gaúcho, disse ser um momento de felicidade, já que assumir a função era a realização de um grande sonho.

“Sendo uma juíza de carreira, de 36 anos de prestação de serviços ao sistema judiciário, me sinto feliz e reconhecida. Nós viemos de longa data buscando fazer o melhor, prestar a melhor jurisdição, colaborar na administração do tribunal toda vez que tivemos esta oportunidade. Então, esse momento é de alegria, de felicidade, de realização de sonho, como abordei no início do meu discurso, e é saber que estou sendo a primeira e seguramente não serei a última a ocupar este importante cargo à frente do Judiciário”, disse em coletiva de imprensa, realizada após a cerimônia.

Durante o discurso, que durou aproximadamente 45 minutos, a juíza relembrou a trajetória que já percorreu, que considera longa. A magistrada também afirmou que os valores passados pelos pais foram a melhor herança que recebeu, destacando ainda que sempre acreditou que tinha vocação para a função de juíza, por ouvir de familiares e amigos que era uma grande conciliadora, característica que entende ser crucial para a posição.

A nova presidente também enalteceu o fato de, que nos mais de 140 anos de história do Judiciário gaúcho, uma mulher esteja discursando pela primeira vez como presidente do órgão. Após essa citação, os presentes a aplaudiram de pé.

A desembargadora, que vai chefiar o Poder Judiciário no biênio 2022-2023, também reconheceu o trabalho feito pelo antecessor, Voltaire de Lima Moraes, deixando claro que a nova administração vai buscar dar continuidade ao que vinha sendo realizado durante a gestão passada, uma vez que se apresentou como chapa de situação na disputa interna.

Iris Helena citou, entre as prioridades da nova gestão, pôr em prática o plano de carreira do servidores do Judiciário e melhorar os sistemas tecnológicos do tribunal, como forma de prevenção e defesa de ataques hackers, por exemplo, além de tornar a Justiça gaúcha 100% digital antes do prazo estabelecido pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

Compõem, ainda, a gestão empossada nesta terça os desembargadores Alberto Delgado Neto (1º Vice-Presidente), Antonio Vinicius Amaro da Silveira (2º Vice-Presidente), Lizete Andreis Sebben (3ª Vice-Presidente) e Giovanni Conti (Corregedor-Geral da Justiça).

Perfil

Natural de Pelotas, a desembargadora Iris Helena Medeiros Nogueira é graduada em Direito pela Universidade Federal de Pelotas (Ufpel). Assumiu o cargo de juíza de Direito em 1986, sendo empossada desembargadora do TJRS em 2004.

Antes de assumir a presidência, nesta tarde, a desembargadora já havia feito história, ao ter sido também a primeira mulher a ocupar o cargo de Corregedora-Geral da Justiça, entre 2016 e 2017.

Pleito

A magistrada venceu o desembargador Tasso Caubi Soares Delabary na eleição interna realizada no dia 6 de dezembro de 2021, por 71 votos a 63. A chapa de Iris Helena recebeu o apoio do então presidente do órgão, desembargador Voltaire de Lima Moraes.

Despedida

Em discurso de despedida, Lima Moraes aproveitou para agradecer a família, colegas de gestão e os servidores do órgão pelo trabalho realizado nos dois anos que ficou à frente do Judiciário gaúcho. Além disso, o magistrado também enalteceu a Assembleia Legislativa (ALRS), o Ministério Público (MPRS), a Defensoria Pública do Estado (DPE) e o Tribunal de Contas do Estado (TCE) por sempre priorizar o diálogo, na busca pelo melhor entendimento entre os órgãos.

Além disso, ele destacou as dificuldades, principalmente as que foram impostas pela pandemia e o ataque hacker sofrido pelo TJRS no fim de abril do ano passado.

O desembargador citou ainda os avanços nas soluções tecnológicas, bem como a criação de 12 comarcas e a implementação do plano de carreira dos servidores do Poder Judiciário, como principais legados da gestão.