As famílias com renda média foram aquelas que mais sentiram o aumento nos preços em 2021, mas também impactou os mais pobres com uma inflação de dois dígitos. A informação foi divulgada nesta terça-feira, 18, pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
A inflação percebida pelo grupo de renda muito baixa no ano passado foi 6% maior do que a percebida pela alta renda, segundo o Indicador Ipea de Inflação por Faixa de Renda. Entre as famílias de renda média-baixa, a inflação foi quase 10% maior no ano passado do que entre os mais ricos.
Esses indicadores podem ser comparados com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e usado pelo Ipea para fazer o cálculo da inflação por faixa de renda, que foi de 10,06% em 2021. Para as famílias de renda muito baixa, o resultado ficou em 10,08%; de renda baixa, 10,10%; de renda média-baixa, 10,40%; de renda média, 10,26%; renda média-alta; 9,66%; e renda alta, 9,54%.
O resultado do ano passado repete o desempenho de 2019 e 2020. A inflação foi novamente maior para o segmento de renda muito baixa (10,1%) em relação a faixa de renda mais alta (9,5%), ainda que as maiores taxas tenham sido verificadas nas classes de renda média-baixa (10,4%) e renda média (10,3%).
A maior pressão inflacionária para as famílias de renda mais baixa partiu do grupo habitação, impulsionado pelos reajustes de 21,2% das tarifas de energia elétrica e de 37% do gás de botijão. Entre as famílias de renda alta, o foco inflacionário se concentrou mais no grupo transportes, refletindo, sobretudo, o aumento de 47,5% da gasolina e de 62,2% do etanol.
Houve aceleração no ritmo de aumento de custos entre as famílias mais pobres, com renda domiciliar inferior a R$ 1.808,79 mensais: a variação dos preços passou de alta de 0,65% em novembro para uma elevação de 0,74% em dezembro.
Entre as famílias de renda mais alta, que recebem mais de R$ 17.764,49 mensais, a inflação saiu de 1,02% em novembro para 0,82% em dezembro. Entre os de renda média alta, com rendimento domiciliar mensal entre R$ 8.956,26 e R$ 17.764,49, a inflação desacelerou de 1,08% para 0,70% no período.
O indicador do Ipea separa por seis faixas de renda familiar as variações de preços medidas pelo IPCA. Os grupos vão desde uma renda familiar menor que R$ 1.808,79 por mês, no caso da faixa com renda muito baixa, até uma renda mensal familiar acima de R$ 17.764,49, no caso da renda mais alta.