Pandemia não vai acabar só com doses de reforço, aponta OMS

Especialistas pediram vacinas que previnam melhor a transmissão do coronavírus

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Combater a pandemia de Covid-19 com doses de reforço das vacinas atuais não é uma estratégia viável, alertaram nesta terça-feira especialistas da Organização Mundial da Saúde (OMS). Eles pediram vacinas que previnam melhor a transmissão. “É improvável que uma estratégia de vacinação baseada em reforço reiterados das primeiras vacinas seja apropriada ou viável”, cita em comunicado o grupo de especialistas encarregado de supervisionar as vacinas contra o coronavírus.

Para os especialistas, o mundo precisa de “vacinas contra a Covid-19 de elevado impacto em termos de transmissão e prevenção da infecção, além de prevenir formas graves de doença e morte”, capazes de limitar o impacto da Covid em termos de saúde. O grupo também defendeu a “necessidade de medidas sanitárias e sociais rigorosas e em grande escala”.

A OMS reconheceu ainda que, enquanto essas vacinas não existem, é preciso atualizar a composição das doses atuais, a fim de garantir que continuem a fornecer os níveis de proteção recomendados contra novas variantes, incluindo a ômicron.

Pouco mais de seis semanas após a identificação da cepa na África do Sul, os dados de vários países convergem em dois pontos: a ômicron – que se enquadra na categoria de variantes preocupantes da OMS – é transmitida muito mais rápido do que a variante antes dominante, a Delta, e parece causar formas menos graves da doença.

“No entanto, há necessidade de obter mais dados sobre a eficácia das vacinas, em particular no que se refere a internações, formas graves da doença e óbitos”, advertem os especialistas da OMS.

Um ponto importante, conforme o grupo, é que não se sabe se essa gravidade aparentemente menor decorre das características intrínsecas da variante, ou se está relacionada ao fato de atingir populações já parcialmente imunizadas pela vacina ou por uma infecção anterior. Ainda assim, a ômicron avança de forma acelerada em muitos países e os casos vêm dobrando a cada dois ou três dias, algo inédito em variantes anteriores.

As mutações na ômicron parecem permitir que ela reduza a imunidade dos anticorpos contra o vírus. A consequência mais provável é a contaminação de um grande número de vacinados e a reinfecção de pessoas que já pegaram o vírus.

Os especialistas da OMS também pedem, em particular, que as vacinas “se baseiem em cepas (…) próximas das variantes em circulação”. Os especialistas também dizem ser importante que “os fabricantes de vacinas tomem medidas de curto prazo para desenvolver e testar vacinas contra variantes dominantes e compartilhar esses dados” com a OMS.

A organização quer acabar com a pandemia ainda neste ano. Para isso, todos os países devem vacinar 70% da população até meados de 2022. O objetivo ainda está longe de ser alcançado. Globalmente, mais de 8 bilhões de doses de vacinas anticovid foram administradas em pelo menos 219 países ou territórios, de acordo com uma contagem feita pela Agência France Presse (AFP).

Número de hospitalizações cresce no mundo

Duas autoridades da Organização Mundial de Saúde (OMS) também enfatizaram, durante evento virtual nesta terça-feira, a necessidade de manter os cuidados contra o coronavírus. Líder técnica da Covid-19 na OMS, Maria Van Kerkhove notou que a variante ômicron de fato tende a causar menos graves, mas rechaçou que isso não significa necessariamente que ela gere uma “doença leve”. E lembrou que muitos dos hospitalizados pelo mundo atualmente contraíram a variante ômicron.

Van Kerkhove destacou também, durante sessão de perguntas e respostas, o grande salto recente no número de casos da doença. Segundo ela, participar de festas com muitas pessoas, no quadro atual, “é muito perigoso”.

A técnica insistiu na necessidade de medidas como a vacinação e também o distanciamento físico, que se usem boas máscaras, multidões sejam evitadas e que os locais sejam ventilados com frequência. Também recomendou que, se houver a possibilidade, manter o trabalho remoto é a melhor alternativa neste momento.

Já o diretor executivo da OMS, Michael Ryan, disse não ser “razoável” apostar que a variante Ômicron possa ser a última cepa preocupante da Covid-19.

Ele destacou o salto recente dos casos e considerou que houve uma “tempestade perfeita” para isso. Além do fato de que a cepa ser mais contagiosa, Ryan lembrou que houve muito contato entre as pessoas com as festas de fim de ano.