Governo não deve distribuir autotestes de Covid-19 gratuitamente

Ministério da Saúde pode autorizar vendas em farmácias, mas não vai tornar a distribuição dos autotestes uma política pública

Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

O Ministério da Saúde deve rejeitar a recomendação feita pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para que o governo federal crie uma política pública para distribuir autotestes de Covid-19 no Brasil de forma gratuita.

Em entrevista à imprensa nesta segunda-feira, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse que incumbir o poder público dessa função acarreta em um custo desnecessário, visto que é muito difícil rastrear os resultados de cada teste para conhecer melhor o cenário epidemiológico da pandemia da Covid-19 no país.

“Se já é complexo ter a testagem realizada pelo profissional de saúde na ponta da linha, na atenção primária, imagina em um país com 210 milhões de pessoas. Vamos ter a rastreabilidade devida? Sem ter essas respostas em relação à efetividade da política e ao custo-efetividade, essa promessa de ter essa política pode não ter o resultado que desejamos”, frisou o ministro.

Apesar disso, Queiroga comentou que o ministério não vai se opor à venda dos testes em farmácias e drogarias. “Os que quiserem adquirir na farmácia, não há problema. É muito possível que o Ministério da Saúde sinalize positivamente e a sociedade possa ter acesso aos testes. Mas como política pública, não. Pois não vamos ter esses dados de rastreabilidade. Do ponto de vista de funcionalidade, são coisas diferentes”, acrescentou.

O argumento é reforçado pela secretária Extraordinária de Enfrentamento à Covid-19, Rosana Leite de Melo. Ela acrescentou que o Ministério da Saúde não pode depender da vontade de cada um dos brasileiros que se testaram em procurar o serviço público de saúde nos municípios para apresentar o resultado do exame.