O sistema de saúde de Porto Alegre segue pressionado pelo aumento expressivo na demanda por atendimento em razão de sintomas gripais. As emergências dos principais hospitais da Capital registravam filas na manhã desta quarta-feira (5) e, em alguns casos, os pacientes eram orientados a aguardar por até duas horas.
No Hospital Nossa Senhora da Conceição, 40 pessoas aguardavam por um diagnóstico por volta das 8h. Segundo a instituição, a cada meia hora, 20 pessoas chegam na emergência apresentando os sinais característicos de infecção respiratória. A procura começou a se intensificar logo após o Natal, e explodiu de vez depois do Réveillon.
Enquanto isso, a emergência do Hospital de Clínicas de Porto Alegre recebia nove pessoas com sintomas gripais nesta manhã. Oito deles testaram positivo para a Covid-19, mas apenas um precisou ser encaminhado a um leito. Outro foi diagnosticado com Influenza A H3N2, e também foi orientado a permanecer na instituição.
A médica Carina Guedes Ramos, que é infectologista e epidemiologista, acredita que as festas de final de ano, aliadas à transmissão comunitária da variante Ômicron do coronavírus e da Influenza A H3N2, estão por trás do problema. No entanto, ela ressalta que a maior parte dos casos registrados até agora não são graves.
“Com certeza, as festas de final de ano contribuem para a disseminação, tanto da Covid-19 quanto da Influenza. As pessoas estavam com muita vontade de se encontrar e, de certa forma, houve um relaxamento das medidas. Com isso, a gente já imaginava um aumento no número de pacientes, mesmo que com sintomas leves”, afirma.
O quadro não é diferente na rede privada. A emergência do Hospital Moinhos de Vento percebeu um aumento gradativo nos atendimentos à medida em que as confraternizações aconteciam. Após o Natal, 35% dos pacientes que chegavam ao local apresentavam sintomas respiratórios. Agora, o grupo já representa metade dos pacientes.
Sintomas gripais representam 60% do fluxo nas UPAs
A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Porto Alegre confirma um aumento de, pelo menos, 32% nos atendimentos relacionados às síndromes gripais nas Unidades de Pronto-Atendimento (UPAs). De acordo com a pasta, em 16 de dezembro, este grupo de pacientes representava 30% do total. Hoje, corresponde a 62%.
A UPA Moacyr Scliar, que é administrada pelo Grupo Hospitalar Conceição (GHC), enfrenta dificuldades para dar conta da demanda. Conforme a instituição, a aceleração começou no dia 20 e se intensificou após a virada de ano. Atualmente, a média é de 200 pacientes com sintomas de Covid-19 e Influenza por dia.
“Não estamos dando conta do atendimento de um número tão alto de pacientes. Então, temos que priorizar os classificados como de maior risco. Os outros podem ter um tempo de espera mais elevado. Também temos recebido pessoas com necessidade de internação, e eles ficam nesta ala”, explica a gerente da UPA, Jaqueline Cesar Rocha.
As autoridades orientam que pessoas com sintomas leves não procurem as UPAs, mas sim as Unidades Básicas de Saúde (UBS). A medida, em vigor desde o início da pandemia, tem como objetivo, justamente, evitar a sobrecarga do sistema nos locais dedicados ao atendimento dos pacientes com quadro mais severo.