Gabriel Boric é eleito presidente do Chile

Candidato da esquerda derrotou o conservador Jose Antonio Kast, que o cumprimentou pela vitória

Gabriel Boric é o novo presidente do Chile Claudio Reyes/AFP

Gabriel Boric venceu neste domingo as eleições presidenciais do Chile. O deputado de esquerda que representa o Partido Convergência Social já recebeu o telefonema do adversário, o advogado ultraconservador José Antonio Kast, o cumprimentando pela vitória. A votação em segundo turno começou às 8h deste domingo.

“Acabo de falar com Gabriel Boric e lhe felicitei por seu grande triunfo. Desde hoje ele é o presidente eleito do Chile merece todo o nosso respeito e colaboração construtiva. O Chile está sempre em primeiro lugar”, escreveu Kast em redes sociais, no início da noite.

Às 19h40min, com 43.193 mesas apuradas de um total de 46.887, correspondendo a 92,12%, Boric tinha 55,73% dos votos, contra 44,27% de Kast.

No primeiro turno, disputado há pouco menos de um mês, o advogado Kast, de 55 anos, ficou em primeiro, com 27,91% dos votos, enquanto o deputado Boric, de 35, obteve 25,83%.

O resultado do segundo turno também pode ser decisivo para a adoção da futura Constituição chilena, que está em elaboração e deve ser finalizada entre abril e julho de 2022. A tendência é que um eventual governo Boric abrace com mais facilidade as novas leis.

A votação

Durante o dia, os holofotes se voltaram para o próprio território chileno, onde não faltaram críticas aos problemas no transporte público e engarrafamentos, que atrapalharam a vida dos eleitores. Nas comunas de Puente Alto, Maipú, La Florida e San Miguel, todas na região metropolitana de Santiago, era possível encontrar pessoas esperando por até duas horas para conseguir condução e se deslocar ao local de votação.

“É o cúmulo que nós, idosos, tenhamos que esperar tanto tempo no sol, com esse calor”, disse à Agência Efe, a aposentada Mariana Vargas, que vive no bairro de La Reina, na cidade de Santiago. Integrantes das campanhas dos dois candidatos também se queixaram da situação e incentivaram carona para vizinhos, com o objetivo de garantir mais um voto no pleito.

Por volta do meio-dia, prefeituras disponibilizaram veículos oficiais para transportar moradores para os locais de votação. Boric chegou a afirmar que o governo do presidente, Sebastián Piñera, queria “boicotar” as eleições. A ministra dos Transportes, Gloria Hutt, reconheceu o problema ao longo do dia.

“Há episódios de congestionamentos em vias importantes, e isso afeta a fluidez dos trajetos do transporte público, quando não há via exclusiva. Com isso, os tempos de espera aumentaram”, admitiu a titular da pasta, em entrevista coletiva.

O porta-voz do governo, Jaime Bellolio, negou as acusações de que tenha havido uma estratégia para as pessoas não votarem no segundo turno. “Temos cerca de 75% mais ônibus circulando do que em um domingo normal”, disse o representante do Executivo.