A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) recebeu novas ameaças de violência e morte após dar aval para o uso da vacina contra a Covid-19 para crianças de 5 a 11 anos de idade. Neste domingo, a reguladora encaminhou novos ofícios pedindo proteção a diferentes autoridades como o Gabinete de Segurança Institucional, o Ministério da Justiça, a Procuradoria-Geral da República, a Diretoria-Geral da Polícia Federal e a superintendência Regional da Polícia Federal no Distrito Federal.
Relatando o crescimento das ameaças a Anvisa pede urgência nas ações em busca de proteção policial. No pedido, a agência coletou publicações feitas nas mídias sociais, com ofensas e intimidações.
De acordo com a agência, “esses fatos aumentaram a preocupação e o receio dos diretores e servidores quanto à sua integridade física e de suas famílias e geraram evidente apreensão de que atos de violência possam ocorrer a qualquer momento”.
A agência já tinha entrado com solicitações de investigações em novembro deste ano, quando as primeiras ameaças de morte chegaram através de emails. “Mesmo diante de eventual e futuro acolhimento dos pleitos, a agência manifesta grande preocupação em relação à segurança do seu corpo funcional, tendo em vista o grande número de servidores da Anvisa espalhados por todo o Brasil.”
Internamente, os membros da Anvisa já previam retaliações depois que o presidente da República, Jair Bolsonaro, anunciou, na live tradicional de quinta-feira, a intenção de pedir os nomes dos servidores responsáveis pela aprovação do uso da Pfizer em crianças – fala essa interpretada como uma forma de intimidação.
Na live, Bolsonaro disse que queria “divulgar o nome dessas pessoas para que todo mundo tome conhecimento quem são e forme o seu juízo”. Antes mesmo das novas ameaças, a Anvisa já havia se posicionado após a fala do mandatário, alegando que todos os servidores são responsáveis pelas análises técnicas do órgão.
O diretor-presidente da agência, Antonio Barra Torres, reforçou, na sexta-feira, a posição da reguladora. “Somos legalistas, somos cumpridores do que a lei determina, teremos total tranquilidade em fornecer informação que a nós for solicitada quanto às participações em nossos atos de análises e no [âmbito] administrativo”, disse.
Ressaltou, ainda, a preocupação com as ameaças e destacou que o inimigo é a Covid-19 e não a Anvisa, que desenvolve um trabalho técnico. “Não é tempo de violência e sentimentos menores”, disse, completando que quem decide por incorporar ou não o novo público ao PNI (Programa Nacional e Imunização) é o Ministério da Saúde.