Caso Kiss: Câmara do TJ ratifica liberdade aos réus, mas decisão do Supremo mantém prisões

Tribunal informou que, em razão da ordem do ministro Luiz Fux, não foram expedidos alvarás de soltura

Foto: Ricardo Giusti/Correio do Povo

Por 2 votos a 1, os desembargadores da 1ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS) ratificaram a liminar favorável ao habeas corpus impetrado pela defesa de Elissandro Spohr, que acabou sendo estendido aos outros três réus do processo criminal da boate Kiss, e impediu a prisão imediata dos condenados ao fim do júri popular, na sexta-feira passada. A decisão, porém, não gera efeito prático. Na noite dessa quinta-feira, o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Luiz Fux, atendeu pedido do Ministério Público estadual e sustou, preventivamente, os eventuais efeitos da concessão do habeas corpus, ocorrida hoje.

Entre ontem e esta sexta, votaram os desembargadores Manuel José Martinez Lucas, relator e autor da liminar que manteve os réus, inicialmente, em liberdade; Jayme Weingartner Neto e Honório Gonçalves da Silva Neto. O terceiro deu voto contrário ao habeas e os dois primeiros mantiveram a convicção de que os réus podem aguardar o julgamento dos recursos possíveis em liberdade. Ambos entenderam que os réus não possuem antecedentes criminais e não impõem perigo para a sociedade.

Mesmo que não tenha sido oficialmente comunicado da decisão do STF, o Tribunal de Justiça informou que, em razão da ordem do ministro Fux, não foram expedidos alvarás de soltura dos réus. No início da noite, o juiz Orlando Faccini Neto, que sentenciou os réus, emitiu um parecer com o mesmo entendimento – de que a decisão de Fux inviabiliza o cumprimento do acórdão do TJ.

Relembre

O júri popular durou dez dias e terminou na sexta-feira passada. A sentença saiu quase nove anos após a tragédia, que matou 242 pessoas e feriu mais de 630, em Santa Maria. Os jurados entenderam que os réus assumiram o risco de matar as vítimas. As defesas ainda podem recorrer das penas tentando, inclusive, anular o julgamento.

Os ex-sócios da casa noturna, Elissandro Spohr e Mauro Hoffmann, e os integrantes da banda Gurizada Fandangueira, Marcelo de Jesus dos Santos e Luciano Bonilha Leão, foram sentenciados a penas entre 18 e 22 anos e meio de prisão.

Spohr está detido em Canoas, assim como Hoffmann. Já Santos e Bonilha foram levados para o presídio de São Vicente do Sul.