Brasil ainda não recebeu vacinas pediátricas contra Covid, revela Pfizer

Estados brasileiros dependem do envio de doses para iniciar aplicação, que pode ter início só em 2022

Foto: Alina Souza/CP

O Brasil ainda não dispõe, em solo nacional, das chamadas doses pediátricas da vacina da Pfizer, voltadas à aplicação em crianças de 5 a 11 anos de idade. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou a prática, nesta quinta-feira, mas o início da aplicação está condicionado à chegada das doses adaptadas, o que pode fazer com que o público comece a ser imunizado só em 2022. As informações foram publicadas pela Agência Estado (AE).

Como a vacinação de crianças não havia sido aprovada pela Anvisa até esta quinta-feira, a Pfizer apontou que “nenhuma dose de vacina pediátrica foi enviada ainda ao País”. Por outro lado, a farmacêutica explica que o terceiro contrato firmado com o governo brasileiro, assinado em 29 de novembro para o fornecimento de mais 100 milhões de imunizantes anticovid abre caminho para a chegada de vacinas para crianças – mas apenas em 2022.

Isso porque, conforme a Pfizer, esse acordo envolve a “possibilidade de fornecimento de versões modificadas do imunizante para variantes (como a ômicron), que poderão ser eventualmente desenvolvidas caso necessário, e versões para diferentes faixas etárias”. O fornecimento depende das solicitações feitas pelo Ministério da Saúde.

Apesar de ter o mesmo princípio ativo, a formulação pediátrica para crianças entre 5 a 11 anos, por exemplo, adota uma concentração diferente, um maior número de doses por frasco e um prazo de armazenamento maior na temperatura de geladeira entre 2-8°C. O frasco também vem com uma coloração diferenciada, com tampa e rótulos cor laranja, para que possa ser distinguido da formulação utilizada hoje em indivíduos com 12 anos ou mais, completa a Pfizer.

Segundo a farmacêutica, o imunizante demonstrou eficácia de 90,7% em estudo clínico desenvolvido especificamente para a faixa etária pediátrica. Os ensaios de fase 2/3 foram realizados em 2.268 crianças nos Estados Unidos, Finlândia, Polônia e Espanha.

Procurado pela AE, o Ministério da Saúde não informou se o contrato firmado com a Pfizer no fim de novembro já condiciona a liberação de determinada quantidade de doses pediátricas ou se vai ter que fazer uma solicitação para pedir essas doses.

No início de novembro, a pasta antecipou a negociação com a Pfizer para adquirir 40 milhões de doses para imunizar crianças de 5 a 11 anos, o que acabou resultando no fechamento do contrato no fim do mês passado. Não ficou claro, contudo, se o governo federal continua prevendo a mesma quantidade para aplicação nesse público-alvo e em qual janela de tempo planeja administrar as doses.

Estados dependem do envio de doses para iniciar aplicação
A Secretaria de Saúde do Rio Grande do Sul (SES) afirmou, nesta quinta-feira, que aguarda as recomendações do Ministério da Saúde para iniciar a vacinação infantil. “Estados e municípios fazem a gestão em cima das determinações do Programa Nacional de Imunizações (PNI) e a partir da estrutura e necessidades de cada localidade”, destacou a SES em nota. De acordo com a pasta, são 968.960 gaúchos no grupo contemplado pela decisão, o que representa 8,4% da população total do Rio Grande do Sul.