O Rio Grande do Sul e o Brasil continuarão dependendo do desempenho do agronegócio, incluindo as indústrias do setor, embora a representatividade que a indústria e o serviço têm no Produto Interno Bruto (PIB). Assim, para 2022, a expectativa é de que a taxa de crescimento do PIB desacelere no Brasil e no Rio Grande do Sul, respondendo tanto aos menores estímulos fiscais quanto à política monetária bastante contracionista. O cenário foi apresentado hoje pela Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs), em encontro virtual com a imprensa.
Conforme a área econômica da entidade, a taxa de desemprego elevada e a permanência das interrupções nas cadeias de fornecimento devem ajudar a diminuir o ritmo de crescimento. A expectativa é de abertura de 614 mil empregos formais no país e 29 mil postos de trabalho no Rio Grande do Sul em 2022.
“Do ponto de vista da pandemia, não descartamos que as novas variantes do coronavírus possam ter impactos sobre a economia mundial. Porém, tomamos como base que a atuação dos Governos Estadual e Federal será mais no sentido de criar medidas para incentivar a vacinação da população do que optar por fechamentos”, aponta o documento da Fiergs.
A Fiergs projeta um crescimento do PIB de 4,6% para o Brasil em 2021 e 1,0% em 2022, e de 9,6% em 2021 e 1,6% em 2022 no Rio Grande do Sul. Para os técnicos da entidade, a boa expectativa para a Agropecuária e seus efeitos de transbordamento não será suficiente para compensar uma dinâmica mais fraca dos demais setores.
“Ainda pesam contra um crescimento mais robusto os gargalos nas cadeias de fornecimento e a massa de renda real crescendo em ritmo menor. Dessa forma, projetamos que os riscos para a atividade são assimétricos para baixo, ou seja, os riscos de crescimento menor que o esperado são maiores que o caso oposto”, comenta o economista chefe do Sistema Fiergs, André Nunes.
Para o Rio Grande do Sul, ele projeta um crescimento de 0,6% no próximo ano, puxado maior normalização das cadeias produtivas, pela manutenção do cenário de retomada cíclica nos segmentos exportadores e aqueles associados à agricultura.
“As estimativas para a safra de grãos são positivas, principalmente na cultura do milho, o que ajuda a explicar a expectativa de maior crescimento para o Estado em comparação com o Brasil. Além disso, a perspectiva de uma melhor situação para a cadeia de veículos automotores no segundo semestre, juntamente com as interações da indústria com os setores de serviços deverão impulsionar o crescimento do PIB no ano”, comentou.
Na análise apresentada, a área de economia do sistema Fiergs projeta uma taxa de juros doméstica que deverá ser de 11,75% ao final de 2022, uma inflação medida pelo IPCA em 5,8% no final de 2022, sendo que a convergência para o centro da meta (3,25%) só deverá ocorrer em 2023. Já a taxa de câmbio no final de 2022 apontam para o patamar de R$/US$ 5,50.