MP vai recorrer para aumentar pena de réus do caso Kiss, revela promotora

"Nenhum de nós queria sair pela mesma porta que pessoas condenadas", disse Lúcia Callegari, sobre Habeas Corpus Preventivo que impede prisões

Foto: Ricardo Giusti/CP

A promotora Lúcia Helena Callegari, que representa a acusação no julgamento do caso Kiss, afirmou que o Ministério Público do Rio Grande do Sul (MP-RS) vai recorrer das penas imputadas pelo júri aos quatro réus do incêndio da boate de Santa Maria, que deixou 242 mortos em 2013. Tanto Lúcia como o promotor David Medina falaram com a imprensa do lado de fora do plenário, após a leitura da sentença pelo juiz Orlando Faccine Neto, no fim da tarde desta sexta-feira.

Elissandro Spohr, Mauro Hoffmann, Luciano Bonilha e Marcelo de Jesus foram condenados por homicídios (consumados e tentados) com dolo eventual. Eles deixaram o plenário após o encerramento do Júri – que durou dez dias – com Habeas Corpus Preventivo. “Nenhum de nós queria sair pela mesma porta do que pessoas condenadas”, disse Lúcia à imprensa após o encerramento do Júri. “Essa fase vai encerrar, ela não é eterna. Logo eles estarão cumprindo a pena pelo que fizeram”, completou.

A promotora destacou que não há como recorrer ao Habeas Corpus, mas que o MP-RS vai tomar as medidas cabíveis para acelerar o trânsito da sentença. A intenção é aumentar as penas impostas, que vão de 18 a 22 anos e meio de prisão.

Decisão inédita no país

“A condenação por dolo eventual é inédita no Brasil para esse tipo de crime e, a partir de agora, temos um marco para que todos saibam que as boates para nossos jovens e os lugares para reunião de público terão que ser seguros, para que as pessoas se divirtam e voltem para suas casas com vida”, completou o promotor David Medina, que também atuou na acusação.

O representante do MP disse ainda esperar que as defesas dos réus entrem com recursos à sentença. O prazo para isso é de oito dias, a contar de hoje. “Nós esperamos que as Cortes do Brasil façam a sua parte e não anulem o julgamento”, reforçou.

Ao ser questionado se o resultado do júri representou justiça aos familiares e sobreviventes, o juiz Faccini Neto disse: “Quando os jurados decidem, creio que a resposta é sim”.