Muito emocionado e com a voz embargada em vários momentos, o bombeiro militar Gerson da Rosa Pereira, terceira testemunha ouvida nesta terça-feira no julgamento da Kiss, afirmou que as vítimas da Kiss não foram causadas pelo fogo, mas, em grande maioria, por asfixia. O bombeiro é testemunha arrolada pela defesa do réu Elissandro Spohr, sócio do local.
“De uma coisa eu tenho certeza. Não foram vítimas de incêndio porque incêndio carboniza. Na sua grande maioria, tivemos casos de queimaduras e de asfixia. Além do incêndio, tivemos a asfixia mecânica e tóxica. Essa última causada pela inalação do gás cianeto que compunha a espuma do material de isolamento”, explicou.
O bombeiro coordenou toda a primeira operação de resgate às vítimas – posteriormente, o Exército assumiu o trabalho. Rosa Pereira entrou na boate e se emocionou ao ser questionado pelo juiz sobre a cena que presenciou.
“Não tem como relatar”, desabafou. “É difícil. É uma imagem muito forte, até como profissional de segurança. Eu preferia não descrever”, completou o bombeiro, que revelou ter duas filhas que desistiram de ir à boate na noite do incêndio.
Rosa ainda confirmou que a boate tinha o alvará vencido, mas que, em razão da lei da época, não existia nenhum impedimento para o funcionamento do local.